17 de junho de 2010

A copa do mundo, o Papa e o RolePlaying.

A copa do mundo, o Papa e o RolePlaying.



Estou empolgado com a copa do mundo. Não é sempre que me empolgo com futebol, mas de fato essa copa está me empolgando. Talvez porque eu goste do estilo do Dunga. Não gostaria de tê-lo como chefe, ou como um caga-regra qualquer me enchendo o saco, mas penso que para comandar um time de futebol, é até legal ter o cara como técnico da seleção.


O Maradona também tem um estilo bacana. Meio mafioso, meio Dom Diego, coronel da aristocracia latino americana. Afetuoso com beijos e abraços e apoio para seus jogadores. Brincando com a jabulani e fazendo poses para as câmeras.


Entretanto o estilo Dunga é mais difícil de gostar. Por que ele não levou o Neimar e Ganso? O Ronaldinho Gaúcho? Enfim, é burro mesmo, contra o futebol arte.



Desconfio que essa hostilidade contra o Dunga seja um ressentimento contra todos os chefes, professores e pais que nos encheram o saco alguma vez. O pior é que ele coloca na mesa resultados. Copa das confederações, copa América, e medalha de bronze das olimpíadas (o Brasil nunca conquistou a medalha de ouro mesmo). Até a estréia ele venceu, com o minguado resultado de 2 a 1. Poderia ser pior, vejam a Espanha.



Em 1994 todo mundo reclamou do Parreira, com o Dunga capitão. Em 2002 todo mundo reclamou do Felipão retranqueiro. Vejamos até onde vai essa presepada.



E afinal de contas, o que isso tem a ver com o Role Playing?


Fiquei pensando na coisa do jogo. Existem valores no jogo que qualquer épico se extravasa. O doce gosto da vitória, a expectativa no conflito final, as estratégias que dão certo e o levantar de novo com a derrota. Nos jogos de Role Playing isso é lugar-comum.



Até o Papa reconhece o valor do jogo. Olha só uma notícia comentando um texto que ele escreveu:


CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 16 de junho de 2010 (ZENIT.org) – Joseph Ratzinger, quando ainda não era Papa, escreveu sobre o futebol, interessado pelo enorme impacto de eventos como a Copa do Mundo.


“Com sua periodicidade de quatro anos, a Copa do Mundo de Futebol demonstra ser um acontecimento que cativa centenas de milhões de pessoas”, reconhecia em um texto escrito nos anos oitenta, que se pode ler (em espanhol), no portal da revista Humanitas (www.humanitas.cl) da Pontifícia Universidade Católica de Chile.


“Não há quase nenhum outro acontecimento na terra que alcance uma repercussão de vastidão semelhante – acrescenta. O que demonstra que com isso está-se tocando algo radicalmente humano, e cabe perguntar-se onde se encontra o fundamento deste poder em jogo.”


O escrito foi recolhido em 1985 por um livro intitulado Suchen, was droben ist (Buscar o de cima). O então cardeal destaca nessas linhas que “como jogo de equipe, o futebol obriga a um ordenamento do próprio indivíduo dentro do conjunto; une através do objetivo comum: o êxito e o fracasso de cada um estão cifrados no êxito e no fracasso do conjunto”.


Ao que acrescenta: “o futebol ensina um enfrentamento limpo, em que a regra comum à qual o jogo se submete continua sendo o que une e vincula, ainda que na posição de adversários”.


O autor conclui que “a liberdade vive da regra, da disciplina que aprende o atuar conjunto e o correto enfrentamento, o ser independente do êxito exterior e da arbitrariedade, e desse modo chega a ser verdadeiramente livre".




Os jogos olímpicos surgiram pra isso. Para valorizar a competição como forma religiosa de nos aproximarmos dos deuses. O futebol é herdeiro dessa tradição humana. Podemos dizer que no nosso RolePlaying também podemos sentir uma breve prova do gosto dessa tradição, a competição esportiva, em cada mesa de jogo, em cada tensão do resultado dos dados.

8 comentários:

Hugo Marcelo disse...

Oi Diego,

Bacana esta reflexão...
Eu vivenciei várias vezes a euforia da vitória, a angústia da incerteza e o peso da derrota ao longo do nosso jogo... É muito legal!!!

Atenciosamente,

Hugo Marcelo

Nelson Nunes disse...

Irmão! ai ai... menos velho.. menos! Até da pra comparar, mas nao conta pro Bento porque se não ele manda queimar esse loucos que se chamam de vampiros e afins!

dklautau disse...

Salve Hugo e Nelson.
Fiquei pensando se não era viagem, mas afinal estamos num blog de rpg!
Tudo é possível!
Abs!

Gilson Rocha disse...

É mesmo, a Santa Inquisição, que ainda existe e mudou de nome para Congregação da Doutrina da Fé, nos exorcizando e queimando. HaAhahahahah!

E o atual papa era o líder dela.

Gilson

Daniel Coimbra disse...

Torcer é legal, não importa se é uma bola na ponta de um pé ou se é um 20 num dado, a expectativa da vitória é viciante.

: )

dklautau disse...

POis é Gilson, quem sabe um dia não lançam um rpg com a inquisição como heróis?

Já lançaram o caçadores caçados afinal de contas!

dklautau disse...

Grande Dan. Derrotas e vitórias já rolaram bastante!
abs.

Gilson Rocha disse...

Ei, Coimbra, mas perder é legal também! Hehehehe!!!

Gilson

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