21 de junho de 2010
“Cadê a propaganda do RPG!?” Reflexões sobre RPG e propaganda - Parte2
Meu histórico
Quando informo que tenho contato com a área de propaganda, minha formação inicial, não é por exibicionismo, mas sim para saberem que não estou falando bobagem sem o mínimo de fundamento. Contato desde o início da graduação e primeiros empregos, 1996. E adoraria ouvir as opiniões de outros comunicólogos jogadores de RPG.
Tentando ajudar a responder a pergunta do Jaime Daniel, tradutor da Devir e sócio da d3Store, darei minha opinião do ponto de vista da relação da propaganda, marketing e RPG. Aqui o link do Jaime:
http://jaimedanielleandro.blogspot.com/2010/06/opiniao-atual-momento-do-rpg-nacional.html
Depois de graduar em Belém, minha cidade, morei dois anos em São Paulo, tentei me empregar e enquanto isso me qualificava mais na ESPM, uma instituição da área de comunicação. Nesta megalópole, o contato com diversos profissionais começaram a me ajudar a refletir sobre a propaganda do RPG, em 2000-2001.
Na época eu focava minhas reflexões somente na Devir, mas agora posso ver um panorama maior com os títulos interessantes da editora Jambô, o esperado lançamento da iniciante editora RetrôPunk, a rede de blogs de RPG e a própria Devir.
Época atual
Até poucos dias, isso mesmo, dias, eu me perguntava novamente por que as editoras não fazem propaganda de RPG em outros lugares. Há alguns anos vi um anúncio da Devir não lembro em que revista, acho que alguma de cinema, não lembro se era de Magic. É desse tipo de propaganda que me refiro, a propaganda segmentada em lugares específicos e com custos/benefícios atraentes: em revistas de quadrinhos e mangás, em eventos de anime/mangá, em eventos literários, enfim, em lugares que possíveis novos jogadores de RPG podem conhecer o jogo. Bem, esta propaganda não existe ou eu nunca vi e olha que sou muito habituado a folhear bancas de revistas, até observar capas de revistas que não me interessam. Se alguém conhece, por favor me informe.
Em outro ponto estão as lojas de RPG, que fazem ações de marketing e vendas, seja em eventos diversos, seja pela internet. Elas fazem alguma divulgação, mas até onde percebo apenas em lugares que atuais jogadores de RPG frequentam. Uma estratégia para informar produtos disponíveis, conquistar com promoções ou até mesmo pequenos eventos ou oferecendo espaço para jogar.
Divulgando para quem?
Então paras as editoras mais observadas, Jambô e Devir, talvez não seja interessante um esforço para divulgar o RPG para pessoas que não conhecem. Há uma estatística mercadológica que diz que um novo cliente tem um custo 4 e um atual cliente tem custo 1, custos com comunicação.
Há alguns anos a Daemon fez a brilhante ação em propagar o RPG através das bancas com seu RPGQUEST e depois com este sistema em cadernos escolares. Infelizmente novas regras de distribuição em bancas deixaram o modelo inviável e, no meu ponto de vista, a explicação para quem nunca jogou RPG era muito simplificada. A Jambô mudará algo neste quadro com seu Dragon Age nas lojas de brinquedos.
Ou talvez a demanda das publicações seja absorvida o suficiente pelo público atual, sejam os antigos jogadores ou os mais recentes, que devem ter aprendido com um amigo/ conhecido. Mas não faz sentido não querer vender mais, talvez seja o medo de ousar em divulgação, pelos custos envolvidos.
Concorrência desleal ou lealdade
Uma questão que não pode ser ignorada é que as empresas que fabricam algo passaram a ser concorrentes de seus próprios parceiros comerciais, ainda mais com a internet. E sendo eles os fabricantes não querem prejudicar seus grandes compradores, mas também não deixam de vender e às vezes com descontos e vantagens mais atraentes que as lojas.
Sobre custos
Propaganda pode ser muito barata ou até mesmo ter custo zero. O Dan Ramos do Paragons comentou algo interessante, sobre empresas que divulgam seus produtos nos próprios produtos, como a editora do D&D; também cito aqui editoras de revistas, editoras de livros e tantas outras empresas. Acontece também nos produtos das editoras de RPG, mas voltamos ao que comentei acima: propaganda para quem já conhece, mantendo o cliente e não criando novos clientes. Por que isso? Por que esta limitação?
Propagadores e propagandistas
A palavra ‘propaganda’ veio da igreja católica, de seu mote ‘propagar a fé’. Propagandista é o trabalhador, geralmente da indústria farmacêutica, que propaga os produtos aos médicos.
As editoras parecem ter deixado a função de divulgadores do RPG aos seus próprios clientes, que gostando do jogo como elas, querem que o maior número de pessoas conheça o jogo, até porque é necessária uma determinada quantidade de pessoas para jogar. Isso não é errado, mas é totalmente incompleto. Por que não existe propaganda de RPG fora dos círculos dos jogadores de RPG?
Propagandas
Uma forma possível são as parcerias, entre produtores e vendedores (editoras e lojas) e entre empresas distintas.
Editoras e lojas poderiam custear juntas as ações, nas devidas proporções, sem peso para ambas. Seria necessário decidirem o que fazer, como fazer e onde fazer.
Entre empresas distintas o que mais penso são quadrinhos e mangás. Nem precisaria estar nas páginas/ capa/ contra-capa, poderia ser um panfleto encartado. E a editora do quadrinho ou mangá poderia fazer o mesmo nos RPGs, o que fosse melhor como custo/benefício para ambas. Para isso ocorrer tem que querer, sentar, conversar e negociar, entrar em contato.
Um possível novo jogador. E agora?
Digamos que um novo jogador foi conquistado pela curiosidade com esse ‘tal de RPG’, por onde ele deve começar? O panorama mais difícil é que todo mundo que ele conhece não joga RPG, então ele decide aprender sozinho, como foi meu épico processo e acredito que de muitos outros.
Qual sistema/ambientação é interessante para um iniciante? E o custo disto? Imagine encarar de início D&D, Mutantes & Malfeitores, Gurps ou comprar um suplemento atraente e mais barato acreditando ser o ‘tal do RPG’. Para esta situação as editoras deveriam dispor de um sistema barato ou até mesmo gratuito e bem simples com este objetivo. Este sistema deveria focar na explicação didática de como é jogar RPG e o mínimo de regras.
A ação com mangás casaria perfeito com 3D&T Alpha que aborda a temática, não é muito caro (para quem tem acesso a dinheiro e/ou pais compreensivos) e está disponível gratuitamente para quem tem acesso à internet e/ou computador.
É só, eu acho.
Gilson
“Leia RPG em público”. Reflexão sobre RPG e propaganda – Parte 1
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3 comentários:
Fora do gênero mangá, a Jambô tem lançado uma nova versão do Aventuras Fantásticas (Fighting Fantasy), os livros-jogos que trazem um sistema simples de RPG e são ideais para quem pretende aprender a jogar 'esse tal RPG' sozinho. Esse foi meu primeiro sistema de RPG de mesa, nos idos de 1993. E não foi difícil passar dele para o AD&D 2ª Edição, imagine então para o D&D 4ª Edição, que já vem todo mastigadinho.
Por enquanto a Jambô só tem traduzido os livros-jogos de fantasia medieval, que poderiam ser divulgados em gibis do Conan ou em mangás do Berserker, por exemplo, mas quando (ou se) eles traduzirem os de ficção-científica, super-heróis, apocalípticos e outros de temática moderna, suas propagandas poderão ser encartadas em muito mais títulos em quadrinhos ou revistas de (video- ou computer) games.
Parabéns, sua análise mercadológica é primorosa.
Boas sugestões, Rafael, sobre algumas revistas com propaganda de determinados RPGs, ainda mais nas revistas de jogos eletrônicos!
Não é bem uma análise, é mais uma percepção da falta de propaganda para quem não conhece ou quem apenas ouviu falar. Talvez as editoras prefiram ficar com os atuais clientes e/ou esperar que esses criem novos clientes.
Apoio a esses jogadores (brindes, jogos ou suplementos para sorteios e para os mestres) também seria interessante.
Gilson
Oi Gilson, estou me graduando em Publicidade e Propaganda. E pretendo escrever um artigo sobre a ausência da promoção, por parte das empresas, de novos jogadores no RPG de mesa. Gostaria de conversa contigo sobre isso. Saber mais sobre tua opinião.
EMAIL: calebe7575@gmail.com
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