5 de julho de 2011

Fantasia Medieval vs. Monges

Autor: Fabrício Caxias


Já há algum tempo que me deparo com o fato de muitas pessoas se perguntarem por que em um mundo de fantasia medieval, personagens com estilo “asiático” aparecem com todo o seu arsenal de cultura que não tem nada haver com a Europa antiga.

Eu sempre me esforço para trazer alguma luz a essas almas que simplesmente detestam os monges ou acham que eles deveriam ser proibidos em cenários onde não existe um “Mundo Asiático”.

Em primeiro lugar, vamos pensar que as regras são adaptáveis ao gosto de mestres e jogadores, depois não esqueçam que as lutas de mãos vazias não são uma propriedade total e completa do outro lado do mundo e que, apesar de popularizadas como “artes marciais”, as lutas homem a homem que requerem uma enorme disciplina física e mental não tiveram sua origem “do lado de lá”.

É certo que pesquisadores encontraram vestígios de um parente primitivo do Boxe sendo praticado no antigo Egito, alguns mil anos antes dos sistemas asiáticos, ensinados por Bodidahrma aos monges fracotes do Templo Xiao Lin, serem codificados. Muita gente não sabe, mas esse sistema primitivo que o monge budista ensinou aos chineses é oriundo da Índia, o que torna as formas atuais, mesmo as mais antigas, netas dos primeiros estilos de luta.

Pense agora que “estilo de luta”, vem da palavra estilizar, ou seja, dar formas definidas e que “arte marcial” foi cunhado na Grécia antiga como “arte da guerra” ou “forma da guerra”.

Nossa, eu li um monte de coisas e ainda não entendi nada! É normal, primeiros conhecemos um pouco da historia e de conceitos para depois tentar entender o argumento.

Voltando ao centro da questão: Como e por que monges medievais?

É simples! Pense em um Irlandês marrento que vive brigando desde criança e com algum tempo ele é levado para uma religião que o ensina a ter calma e foco. Ele, no entanto, nunca deixou de praticar suas pancadas por ai, só que ao invés de bater em pessoas em brigas desnecessárias ele começa a criar e usar seus próprios instrumentos e métodos.

Ele cria sacos de pancada feitos com couro animal, revestindo um tecido de cânhamo e cheio de areia ou pedrinhas. Mesmo em uma doutrina que prega a não violência ou o uso dela em ultimo caso, ele sabe, por experiência própria que o mundo é cheio de perigos e inimigos para ele e os seus. Para não ferir seu ethos religioso, ele usa suas mãos e bastões quando necessário.

O modelo de monge em jogos como D&D, traz um indivíduo que passou muito tempo treinando seu corpo e sua mente para alcançar um estado transcendental. Nosso amigo Irlandês foi deixado com um grupo religioso, um tanto afastado do mundo, desenvolvendo seu espírito com orações (que para muitos são uma forma de meditar) privações (jejum, vigílias) e trabalho duro (cuidar dos reparos, animais, hortas e vigiar pela noite). Além de tudo isso, ele desenvolveu seu corpo com exercícios “marciais” por conta própria e acabou por desenvolver seu “sistema” e “filosofia” de combate, baseado em sua experiência de vida mundana e religiosa e temos o primeiro da linhagem dos “Monges Lutadores de Rosroe”.

Muitos podem se sentir insatisfeitos ainda com essa explicação, mas os ataques dos monges, em geral, são imaginados como sendo feitos com as mãos, mostrando que esse é o pensamento ocidental básico (Egito, Grécia, Roma, Inglaterra), o que muitos ignoram é que os monges podem preferir lutar com os pés, ignorando regras de destreza em chutes, já que eles são peritos neste tipo de combate, mas não é o caso do nosso amigo Irlandês de Rosroe. Ele, como uma grande parte do povo do ocidente, considera perigoso demais levantar as pernas acima da linha da cintura, limitando de certa forma seu estilo de luta a socos fortes, rápidos e esquivas surpreendentes.

E onde estaria a filosofia “Zen” dos monges medievais?

Ela não existe na forma que se está acostumado, pelo simples fato de que as religiões são diferentes ao extremo. O modo do monge medieval “transcender”, não é fazendo sua mente ser mais forte que a matéria, é emulando o espírito da santidade de seu ofício. O sacrifício do corpo tendo a força de vontade como seu combustível substitui o “vazio da mente” para um “corpo indestrutível”. Com o tempo, ele recebe tanto castigo que já não sente mais as dores como a maior parte das pessoas, assim como chega a um estado de santidade tão puro que é o que os monges em geral recebem ao chegar ao nível máximo da classe.

A figura mais monasticamente guerreira e popular é o rotundo Frei Tuck, dos contos de Robin Hood, tão bom é seu manejo do bastão, que ele derrota o protagonista e sua espada, assim como ele tem o dever de proteger as pessoas abusadas pelos poderosos nos citados contos e para quem não têm problemas em ler em inglês, ou gosta de Novelas Históricas, é possível encontrar vários “padres/monges” lutando pelo bem de sua terra na série “Saxon Tales” de Bernard Cornwell.

Então, antes de simplesmente criticar alguma coisa presente no manual básico, leia novamente esse pequeno texto e veja como a história conta os fatos e como ele é percebido por você, quais suas referencias e argumentos.

Longa Vida aos Monges Lutadores de Rosroe!


3 comentários:

LucaZ disse...

Voçe foi bem preciso mais um fato que eu sei pq eu jogo de monge e que eles nao tem muita CA(classe de armadura) tornando eles muito vulneraveis se alguem conseguiu resolver esse problema me add no orkut ow no msn(ja abordando o assunto) " bole.rage@hotmail.com " ^^

Mike Wevanne disse...

Nunca fui fã de monges para fantasia medieval, sempre fico com a impressão de que é um elemento meio deslocado no conjunto. Acho mais próprio para aventuras orientais.

Fabricio Caxias disse...

POr causa da visão direcionada, que a maior parte das pessoas tem, mike.

A CA dos monges só melhora com DES e SAB altas, não tem muito jeito.

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