16 de setembro de 2009

Perfil do RPGista: Gilson "Gilsorc"

Sale povo! Hoje é dia de Perfil do RPGista.

ATENÇÃO!!! Estamos procurando por RPGistas que queiram participar do Perfil do RPGista e que estejam residindo (morando) em algum município do Estado do Pará. Para participar basta enviar um e-mail para
r4gabash@gmail.com informando em qual município do estado mora, enviar uma foto do RPGista e as respostas das 14 perguntas frequentemente usadas nas entrevistas.

Voltando à entrevista, vamos conhecer o RPGista da semana e o que ele pensa.

1) Qual o seu nome?
Gilson Rocha de Oliveira, mas uso apenas Gilson Rocha.
As respostas aqui serão longas, para iniciantes e veteranos.

2) Você tem algum apelido? Caso sim, qual é?
Minha mãe me chama de “Garoto Enxaqueca” às vezes. Já fui chamado de “estressado”, “pavio curto”, “sem paciência”, “alérgico à maracujá” (para quem não sabem, dizem que acalma). Alguns amigos e amigas que não jogam RPG também me chamam de “orc” ou “Gilsorc”. Já me chamaram também de Sheldon Cooper...
Mas nunca algum foi intenso, apenas refletem minha personalidade, traços dela. Não sou nenhum monstro, gosto de ser amigável e (tentar) fazer os outros rirem de besteiras. O que acontece é que alguns acham que sou algum tipo de idiota ou alienado do mundo e ultrapassam o limite da intimidade, que nunca lhes dei. Apenas poucas pessoas têm liberdade comigo.
Sou amigável quando conheço alguém, mas se a pessoa é grosseira e/ou sem noção, algo que se mostra logo no início ou com algum tempo, ela sai da minha vida. Já cortei relações com pessoas que conhecia há mais de 5 anos, 10 anos e quase 30 anos porque mudaram e voltaram a ter (ou nunca deixaram) a mente dos 20 e poucos anos e da adolescência. Não me arrependo. Sinceramente, tenho coisa melhor para fazer.
3) Qual sua data de nascimento?
Nasci em 1976. Faço 33 este ano.

Sou um ancião nerd, um nerdsauro com diz o Newton Rocha. Não tenho mais estômago para gente grosseira e/ou sem noção ou que acha que sabe de tudo, que tudo dos outros é imprestável. Já vi essas coisas nos meus doze anos, há pouco mais de dez anos atrás e agora de novo pelos relatos que acompanho. Estou cansado de gente assim, que não devem ter amigos e abraçam a solidão. Realmente tenho coisa melhor para fazer.

4) Qual a sua naturalidade? (cidade e Estado)
Belém, Pará.

5) Qual a sua formação educacional e/ou profissional?
Em propaganda. Depois de desempregos, salários muito baixos, pequenos negócios na área e concursos públicos, resolvi voltar à vida acadêmica fazendo um mestrado, pela linha de formação de professores, UEPA ou UFPA. Para ser professor de professores/as, além da possível carreira como funcionário público, trazendo certa segurança nesse mundo de empregos incertos.

E usando a questão da ressignificação da formação de professores, assunto que conta com incontáveis autores e incontáveis livros e artigos publicados em outros livros, em todo o planeta. Mas já elegi meus favoritos dos poucos que conheci. E isso atrelando ao RPG, mas diferente da forma como jogamos para apenas diversão. E há outras questões, de outros autores, que é a escola como espaço de poder, da juventude, ou juventudes como afirma um dos pesquisadores, e várias outras abordagens de diversos autores, professores e pesquisadores. É algo muito extenso e profundo que estou tendo que aprender do zero mesmo. É exaustivo.

Estou assistindo aulas na pós-graduação de psicologia com uns trinta psicólogos/as e já fiz várias indagações sobre elementos do RPG: interpretação, personalidade, levar a cometer crimes e o vício no jogo, a ‘religiolização’.

Apesar de ser RPG e educação, quem é pesquisado são os professores. A doutora em educação e diretora do Centro e Educação da UFPA já me alertou disso meses atrás, quando não passei na primeira vez que fiz a prova em 2008. Uma amiga, que é minha orientadora e mestranda da UFPA, e os três professores e doutores em educação da UEPA que me entrevistaram também disseram isso.

E cheguei ao chefe final, a entrevista na UEPA. Passei pela prova, pelas análises dos documentos, do currículo e do projeto que aborda RPG e formação de professores. Mas ainda farei a seleção da UFPA. Se seguir com isso, que pretendo de verdade, em ser professor universitário, um doutorado com o tema ou variação dele será o passo seguinte. Encontrei apenas um doutorado com RPG no Brasil e recentemente soube de outro em Ananindeua ou Belém. Fiquei surpreso e feliz.

E tento ganhar algum dinheiro com este site que adaptei de um blog: OutraBelem.com, mas tive que parar de buscar clientes por conta dos estudos.
E atualmente atendo com um amigo serviços de informática. Ele faz os serviços e ajudo quando sei e cuido de outras coisas como cotação de preços. Também já trabalhei como digitador de preços de um salão de beleza (já tinha 4 anos de universidade, 2 anos de extensão em instituição renomada na área de propaganda e marketing e 7 anos de experiência trabalhando) e já trabalhei com comissão por vendas, recebendo mais ou menos um terço do salário mínimo de 2005. O mundo real é pauleira.

6) Você joga RPG há quanto tempo?
Acredito que desde 1991 ou 1992. As informações se perderam nas areias do tempo...

7) Como você conheceu o RPG?
A revista Set, sobre cinema, antigamente fazia (ou faz) edições especiais sobre filmes de terror e ficção científica. Numa das edições falavam do tal do RPG e um antigo programa da TV Record, TOP TV, antes de ser da igreja eu acredito, também falava do RPG, além de cinema, quadrinhos, animações, filmes e seriados. As imagens de fantasia medieval e dragões em ambas as mídias me chamaram a atenção. Economizei como pude e comprei o Dragon Quest, uma versão minúscula do AD&D com tabuleiro, cartas de monstros, de itens e de personagens e com aventuras prontas. Depois mudei para Gurps, Vampiro e Desafio dos Bandeirantes nos meses seguintes.

8) Qual(is) o(s) seu(s) jogo(s) de RPG favorito(s)?
Sempre foi Gurps, pelo fato de ser universal em poder jogar com qualquer ambiente e ter regras para tudo, mas nunca gostei das jogadas de defesa durante os combates, sendo esta minha única queixa de todo o sistema.

Recentemente uso um sistema próprio para ensinar. E para jogar prefiro as variações simplificadas do d20, que usa apenas uma jogada em combate, além da jogada de dano em caso de sucesso.

Gosto de conhecer sistemas, de preferência com jogadas simples de poucos dados e sem somas ou subtrações que antecipam a jogada. O jogo Zero, por exemplo, usa apenas 2 dados comuns de seis lados onde o resultado é multiplicado, que pode ser bom para mais ou para menos do número alvo, dependendo da habilidade usada.

9) Qual o tipo de personagem que você mais gosta de interpretar?
Combativos em fantasia medieval ou em cenários históricos com armas brancas, aqueles que vão à frente da batalha, mas não são idiotas suicidas.

10) O que você prefere ser: mestre ou jogador?
Jogador. Não tenho boas idéias para histórias e me divirto mais jogando e interpretando.

Mas narrar não tem problema, caso seja necessário, como ensinar a novos jogadores o RPG. Neste caso uso meu sistema simplificado ou um dado caso a situação seja imediata e crio uma história na hora, no decorrer do jogo. Mas posso usar uma moeda ou par ou ímpar mesmo (sistema Zip) caso não disponha de pelo menos um dado, de qualquer tipo.

Esse tipo de situação não me intimida. Já vi narradores e jogadores, em Belém e pelos blogs brasileiros de RPG, que fazem de seus sistemas favoritos verdadeiras idolatrias imaculáveis e têm medo de experimentar e arriscar. São bitolados nas regras e não são flexíveis.

11) Você está atualmente participando de alguma campanha? Caso sim, qual é?
Não, pois tive que me dedicar aos estudos para salvar minha vida. Dinheiro não cai do céu e temos que trabalhar ou estudar para trabalhar, ou ambos.

12) Você está participando de algum projeto ou trabalho voltado ao RPG?
Sobre voluntariado - Estava como voluntário (ajudante) no ProJovem e CRAS (Centro de Referência e Assistência Social) na Aldeia Cabana / Aldeia Amazônica, mas tive que me retirar por questões pessoais muito delicadas.

Sobre Espaço para jogar - Tento há alguns meses com outros jogadores conseguir um lugar público para a prática do RPG em Belém, já que não existe e é extremamente desconfortável jogar no Parque/Gasômetro, nos aspectos sociais e físicos. Somos convidados a nos retirar quando estamos já acomodados nas cadeiras e do lado de fora o concreto duro, o sol, a eventual chuva e o calor não ajudam. Isso já me cansou também, desanima muito. Solicitamos ao Centur, IAP e ao Secretário de Cultura, tudo protocolado em julho deste ano.

Sobre RPG e Educação - Acompanho a questão do RPG e educação desde 2000, quando muitos ainda andavam de cueca pelas ruas ou terminavam os estudos nas escolas. Comprei o livro da Andréa Pavão, que era o mestrado dela abordando o tema. Agora a intenção do mestrado, como trabalho, profissão e ganha pão. Também exponho pequenas palestras em eventos universitários para professores sobre várias possibilidades do RPG e Educação valorizando meu currículo (http://lattes.cnpq.br/5164507855042435). E, se der certo, em breve em alguns eventos nacionais em outros Estados. Não contem comigo para jogar!

Não estou me exibindo, leitores. Sou um ancião de muitas batalhas. Me preocupo com o desemprego desde os 19 anos, trabalho desde os 22, mesmo tendo todo o tipo de apoio de meus pais. O mundo real é pauleira.

Sobre criação de jogos - Acredito ter chegado ao formato final do meu RPG simplificado para ensinar. E tenho meu d20 simplificado e outro sistema que é mais para mim, que usa 1d10 apenas e tem a vantagem em poder criar personagens sem o auxílio de regras e de forma fácil e simples, tudo o que eu gosto. Tento recriar e criar sistemas desde o Gurps, pois queria ensinar meus amigos. Sou amador, claro.

Sobre projetos futuros - Tenho outros planos maiores à frente com o RPG.

13) Qual sua opinião sobre o cenário do RPG no Pará?
O mundo da comunicação e propaganda me ensinou a técnica terrível do ‘achismo’, todo mundo ‘acha’ alguma coisa, tem alguma opinião concreta sobre determinado assunto, mas não tenho. Eu precisaria de pelo menos uma pesquisa quantitativa para poder começar a ‘achar’ algo e poder comentar. Uma qualitativa também seria muito interessante.

Jogadores e narradores se baseiam em tímidas observações, limitadas - literalmente - ao seu campo de visão e/ou seus meios de amizades para ‘achar’ algo sobre toda a situação da cidade ou como faz a pergunta, do Estado.

Um aglomerado de jogadores, seja onde for, não pode definir uma realidade, é impossível. Se alguém me mostrar pesquisadores/as de qualquer lugar do mundo que conseguem isso, eu retiro o que disse e lamento meu erro e possível desatualização. Para aceitação metodológica precisa haver vários, em qualquer coisa que se investigue.

E adquirir jogos também não é problema, com ou sem loja, apenas a falta do dinheiro. Mesmo quem não tem acesso à internet ou não sabe usar pode pedir ajuda para alguém e comprar o RPG que quiser, sendo a única barreira o dinheiro.

Mas eu vou ‘achar’ alguma coisa: eu acredito que os jogadores estão jogando mais em suas casas ou em áreas de prédios ou até mesmo nas escolas. E parte considerável desta parcela, acreditando de novo, deve usar jogos que refletem os novos tempos de novas culturas imersas em nossa cultura, como a intensidade de jogos eletrônicos, animes e mangás, portanto jogos de RPG como 3D&T. Precisaria de uma pesquisa para confirmar ou desconstruir isto.

14) Você gostaria de deixar algum recado para os RPGistas?
O que importa é a diversão. Não deixe algum jogador ou narrador maluco desmerecer seu jogo e sua diversão. Gente assim está bitolada e fez do RPG algo quase religioso e quase patológico (doença), conforme alguns psicólogos/as que conversei. Vi isso anos atrás e soube que continua acontecendo.

Não existe forma certa ou errada de jogar e se existe gostaria de saber do/a/s “sábio/a/s”.

Se você se diverte com seu grupo então está tudo certo, independente do que alguém pense e perca tempo analisando isso. E também RPG não é tudo, saia com seus amigos e amigas, namore, passeie e se concentre nos estudos. A vida não é só RPG ou outra coisa que se goste bastante.

Ou se você gosta de um jogo antigo e se diverte com ele, quem tem algum direito de lhe dizer algo a respeito? Até onde sei, ninguém. Ignore pessoas assim e continue se divertindo. Há grupos no Brasil, inclusive em Belém, que usam os antigos AD&D, Vampiro, Lobisomem, Marvel Heroes e até mesmo Tagmar, com suas infinitas tabelas. Estão todos se divertindo, se não estivessem não estariam jogando, imagino.

Eu mesmo torci o nariz há alguns meses por conta do relançamento do 3D&T, mas minutos depois percebi a grande babaquice que eu estava pensando. São novas gerações, novos gostos. Cada um sabe o que é melhor para si.

RPG é apenas um entretenimento. Nada mais. Não é de verdade, é faz de conta. Não é doutrina ou dedicação absoluta.

E narre para iniciantes, lembre-se que você não nasceu sabendo jogar. Não trate mal quem quer aprender a jogar, ninguém gosta de falta de respeito. Se você não tem paciência, apenas diga que não pode e indique outra pessoa se puder.

Gilson, que tecla demais.

No fim: acabei de ver o resultado, 29/ago. Passei. A entrevista, uma arena romana com 4 candidatos ao mesmo tempo e um gládio e escudo para cada um.


4 comentários:

Gilson Rocha disse...

Atualizando:

Meu sistema d20: http://www.uLtra20.com que ganhou o concurso do blog Paragons.

Tudo aqui:
http://www. rpgsimples.blogspot.com/2009/09/ultra20com-sistema-ultra20com-e.html

Gilson

Funfas disse...

uheuhehue, eu nunca tinha visto a cara do Gilson. valeu pelo post uhehueuhe.

John Bogéa disse...

Cara, essa foto tá muito loca, hahahhaha. Um Orc Ogro Jedi.

Gilson Rocha disse...

Não, tenho uma foto no blog com sabres azul e verde, lá somos 'ogros jedi da Horda'. Nesta somos 'ogros sith da Horda'.

http://rpgsimples.blogspot.com/2008/11/ogros-jedi-da-horda.html

Gilson

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