24 de junho de 2009

Saiba mais sobre o Projeto Augúrio

Salve povo! Hoje estou trazendo uma entrevista muito bacana que fiz com o Ronaldo Palheta, autor e um dos responsáveis pelo Projeto Augúrio, baseado no jogo Lobisomem: O Apocalipse.

Fazia muito tempo que não visitava o Parque da Residência, e para minha boa surpresa, me deparei com um grupo bem organizado e empolgado jogando uma campanha baseada no antigo Mundo das Trevas.

Em tempos de domínio do D&D e Sistema D20, para mim foi uma agradável surpresa ver que ainda existem grupos de RPGistas que não abandonaram totalmente essa ambientalização maguinífica criada pela White Wolf.

Então, vamos a entrevista!

Qual o seu nome?
Ronaldo Felipe Corrêa Palheta.

O que é o Projeto Augúrio?
O Projeto Augúrio é um projeto de RPG, com o cenário de Lobisomem: O Apocalipse. É um projeto que busca além da diversão, narrador e jogador, da diversão básica do RPG. Ele busca a expansão. A possibilidade de propagação do RPG em si no cenário de Belém. O RPG, depois de uma época áurea, a uns 4 a 5 anos atrás, ele decaiu muito nos sistemas Storyteller. A gente viu por muito tempo mesas periféricas, mesas marginais de Storyteller, e vimos mais mesas do Sistema D20 como, por exemplo, Dungeons & Dragons, Trevas... Nós vimos muito isso! E vimos pouco do Storyteller. Mesmo as mesas de Vampiro: A Máscara, que são as mais populares, elas estavam escassas. Eu tomei essa iniciativa, a fim de trazer a esperança de que o RPG de Storyteller, daqueles projetos que existiam antigamente, novamente aos jogadores. Para essa geração nova que tem de RPGistas, aos nossos grandes pólos de RPG, como CEFET, como Ananindeua e como a própria Belém. Belém tem muitos RPGistas e o que só falta, é a comunicação! O Projeto Augúrio veio para dar a claridade de que é possível a comunicação. Através de diversos meios como o Orkut, como os próprios e-mails. A gente se comunica, a gente faz o market, a gente convida os jogadores. O próprio boca a boca também. Afinal de contas, a maioria desses RPGistas que estão encabeçando o Projeto Augúrio são jogadores bem experientes, com mais de 10 anos de RPG. A gente conseguiu implementar isso. O projeto Augúrio é hoje o que é por nós narradores e pelos nossos jogadores.

Qual o tempo existência do projeto?
Neste próximo dia 27 de junho, o Projeto Augúrio vai fazer um ano.

Como funciona o projeto?
O Projeto Augúrio funciona da seguinte maneira. Como nós trabalhamos com um público adolescente e adulto, todos têm responsabilidades, todos têm seus deveres, seus afazeres diários, todos nós temos consciência disso. O projeto é um projeto que acontece exclusivamente nos fins de semana, onde em algumas horas... Nosso funcionamento é das 15 às 19 horas, basicamente. Em algumas horas os jogadores podem se divertir através do RPG. Podem conviver socialmente. O nosso cronograma é de aproximadamente 4 a 5 meses de narrativas do Projeto Augúrio, que nós consideramos como 1ª edição, que seria o plot central. Durante as férias, para os jogadores que não viajam, para os jogadores que tem tempo e até para aqueles jogadores que não são do projeto, existem as mesas explicativas sobre pequenos detalhes do cenário. Porque a gente observa que, por mais que a gente se esforce durante uma narrativa, sempre vai haver pontas soltas, e essas pontas soltas podem entristecer o jogador pela falta de informação. A gente deseja explicar o máximo possível. Então, durante o período de férias, para os jogadores que podem, nós disponibilizamos as narrativas explicativas. Eu tinha um projeto inicial de que o Projeto Augúrio tivesse quatro segmentos: o básico, as explicativas, uma mesa para antagonistas Expirais Negras e uma quarta mesa para outros metamorfos. O que não aconteceu por ventura de nós termos nos acostumado com a nossa quantidade de jogadores com o nosso modo de jogar. Alguns narradores não abdicariam de seu final de semana inteiro. A gente não quer isso. A gente quer que tudo fique bem divertido. Que fique legal e divertido para todos os lados.

Por que foi escolhido para o projeto o jogo Lobisomem: O Apocalipse?
Nós narradores do Projeto Augúrio somos loucos pelo jogo Lobisomem: O Apocalipse, que é um jogo magnífico e por isso que nós o escolhemos como cenário principal, embora a gente aborde outros cenários como Mago: A Ascensão, Vampiro: A Máscara. O projeto Augúrio começou com uma idéia de haver quatro crônicas. Nós já terminamos a primeira. Já estamos a um passo de terminar a segunda, e teremos a duas últimas. A nossa proposta é fazer com que os jogadores vivam um pouco do que o próprio título do jogo é. O Apocalipse. Como é o apocalipse em uma visão. O Mark Rein-Hagen, que foi o criador do jogo, propôs uma visão, mas em nenhum momento ele disse “esta é a última visão. Esta é a visão cabal”. Todo narrador, todo jogador, de acordo coma sua interpretação tem um apocalipse para si. O projeto Augúrio vem para trazer isso, através de um cronograma que já tem um ano, e contamos que o projeto tenha pelo menos mais dois anos de duração até o seu término.

O projeto recebe algum tipo de apoio, além dos jogadores e narradores?
O Projeto Augúrio surgiu de uma única mente, através do seu aprendizado sobre o jogo e do cenário em si. Eu vi e pesquisei as possibilidades de incentivo, tanto fiscal quanto moral, de inúmeras pessoas e de inúmeros órgãos. Eu fiz tudo o que eu podia. Eu não me apego ao fato de que o RPG tem um ponto negativo com relação à sociedade. Porque nós RPGistas também fazemos parte da sociedade, e para nós não existe ponto negativo. Então o que acontece? Eu fui à busca da Lei Semear no CENTUR. Resolvi observar como seria todo o processo. A Lei Semear hoje pede o projeto tenha um cunho cultural e que acrescente à cultura local. Apesar de que o RPG ser baseado em folclore, em crenças sociais, afinal de contas são seres sobrenaturais que são os personagens do jogo, ficaria muito impróprio de um determinado tipo de mal gosto nós implementarmos a idéia inicial do projeto como uma coisa que pudesse ser divulgada plenamente. Hoje em dia, com um ano de projeto, a gente encontra essa mesma dificuldade, dentro da gente mesmo, por um único motivo. Nós utilizamos um espaço público e o RPG necessita de interpretação, faz parte do seu nome, e a interpretação, especialmente de algo fantástico pode chocar as pessoas que não conhecem aquilo. Está certo que a falta de conhecimento dessas pessoas também é culpa nossa, por que nós não procuramos encaixá-la no que o RPG é, e conscientizá-los sobre isso. Mas a gente se sente às vezes um tanto quanto tolido de não poder fazer determinados tipos de interpretação, e como em qualquer encontro social não poder falar de determinados tipos de coisas, por que nós utilizamos um espaço público. Nós ficamos meio que presos. Mas isso não tira a nossa diversão. Ainda sim nós nos divertimos com o que nós fazemos. Eu acredito que muitos dos nossos jogadores hoje podem olhar e falar “prefiro jogar no Projeto Augúrio do que jogar numa mesa dentro de uma casa onde vai ser um ambiente fechado, hoje vou estar sujeito a toda uma climatização, onde você divide atenções, não que em um local público também não haja, mas em um local público a gente pode propagar um pouco mais a nossa voz e chamar a atenção dos jogadores para que eles voltem ao jogo. Nós encontramos dificuldade sim, e sempre! E sempre vai ser assim! Dificuldades estão ai para serem superadas. E o Projeto Augúrio vai continuar.

Além dos dois anos que restam para o fechamento da estória, existe algum plano especial para o projeto?

Nós temos agora uma idéia de um Live Action para o fechamento de um ano do projeto. Nesse Live Action a gente vai dar um gostinho aos jogadores de interpretar mais espontaneamente seus personagens. Nós vamos usar um local que será cedido por um de nossos jogadores. Embora a gente encontre barreiras, a gente da aquele jeitinho brasileiro.

RPG Pará – Em termos numéricos, quantos jogadores e quantos narradores o projeto possui?
O Projeto Augúrio hoje tem cinco narradores, cuja quantidade se mantém assim desde o início, embora um dos narradores tenha saído, um jogador ascendeu à narração por vontade de participar do projeto, e hoje nós temos aproximadamente de 20 a 25 jogadores. A proposta inicial era que fossem seis jogadores por mesa. O que daria 30 jogadores. Com os nossos 20 a 25 nós já temos muito trabalho. Com 30, a gente mais trabalho ainda. Não que isso fosse ruim. Mas em média, os que já passaram em nossas mãos, os jogadores que já participaram e saíram, por algum motivo, nós já tivemos por volta de 35 jogadores.

Isso quer dizer então que o número de jogadores no projeto já está fechado? Não existe espaço para novos jogadores?
Não. O Projeto Augúrio, como o próprio nome dele diz, tem como ênfase as fases da lua nos personagens. Essa é a nossa abordagem. As nossas divisões para escolha de personagem e de prelúdios, que é o que deve ser entregue primeiro aos narradores, parte do pressuposto de que determinados tipo de augúrio tem em demasia ou em escassez. Nós não dizemos “não há mais vagas no Projeto Augúrio”. Não há mais vaga em determinado tipo de augúrio. O que nós queremos ver é que as matilhas fiquem completas. Bem formadas. Bem no fundo, cada Garou, tem um pouco de cada augúrio dentro de si. Ele só foi escolhido por um para nascer. O que acontece é que o Projeto Augúrio recebe sim novos jogadores e sempre vai receber, por que a nossa real intenção não é fechar em algo, embora nós encontremos algumas resistências como o moralismo de que tudo deva ser regular. Não! Um dia nós temos uma matilha com três jogadores, mas em outro dia, nós temos uma matilha com sete, e a nossa proposta eram seis! O RPG, a base dele, como discordaria alguns amigos e estudiosos do RPG, é totalmente feito pelo jogador. Por mais que o narrador crie a estória, a estória só se movimenta, o organismo mesa de RPG, só funciona com a interpretação do personagem perante o cenário. Então as possibilidades são infinitas. A gente está com um ano e acredite que, os personagens que entrarem agora ou um pouco depois, não vão estar tão atrás dos outros. A interpretação é o que puxa a evolução do personagem. O jogador que está disposto a se dedicar à interpretação, todo fim de semana, terá o seu esforço recompensado. É inevitável! Nós lidamos com humanos e sempre haverá erros, e os erros acontecem. Porém nós fazemos o possível para dar o melhor aos nossos jogadores, e assim a gente da o melhor pra gente.

Então, aqueles que estiverem interessados em jogar. O que eles precisam fazer para participar?
Os interessados em jogador no Projeto Augúrio, primeiro o que eu indico é que venha, observe o ambiente, escute um pouco a estória, observe um pouco o que é a narrativa proposta pelo projeto. Se isso lhe interessar, você poderá pegar o contato dos narradores, e-mails e telefones. Depois você terá duas maneiras: uma você envia primeiro a sua proposta de prelúdio, então os narradores em comum acordo decidem o que pode ser modificado ou não, por fim nós lhe enviamos uma resposta, dando a resposta positiva ou negativa; ou você entra em contato por telefone e entrega os prelúdios em mãos, se assim você preferir. Como todo projeto, e para o bem de todo projeto, sempre haverão vantagens e desvantagens, e algumas restrições. Por que eu digo “venha antes, procure os narradores e observe”? Porque o projeto permite determinados tipos de personagens, porém ele bloqueia alguns tipos de características dentro do personagem, com qualidades e defeitos que desequilibram o jogo. Então você vindo e conversando, nós iremos explicar aos jogadores que queira jogar. O que é possível ou não? Você faz o prelúdio e entrega. Se você entrega até a quarta-feira da semana, no fim de semana subseqüente você já joga. Se você só pode entregar no fim de semana, então no outro você poderá jogar. É basicamente assim.

2 comentários:

Gilson Rocha disse...

Bacana, mas eu discordo no trecho "e o que só falta é a comunicação", não por estar errado, mas incompleto. Foi até citado nas respostas, a questão de falta de espaço próprio.

Estou preparando uma postagem a respeito de espaço para jogar, que me envolvo desde 1992 com esta questão em Belém.

Gilson

Mike Wevanne disse...

legal. parabens pelos muitos d10 rolados!

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