20 de setembro de 2011

Do Outro Lado da Mesa

Autor: Enivaldo Junior

Olá galera! Beleza!?!?

Meu nome é Enivaldo Junior, tenho 20 anos e quero contar a vocês qual a sensação de estar do outro lado da mesa.

Quando eu tinha 12 anos meu pai faleceu e eu estava entrando em depressão. Quase não saia de casa, ia mal à escola e voltava. Certa noite, um amigo chamado Deyvison pediu para que eu fosse a casa dele para conversarmos. Ao chegar lá, havia outro amigo dele que se chamava Saulo. Os dois já jogavam RPG a pelo menos um ano e meio e o Deyvison estava querendo começar uma campanha e precisava de jogadores. Ele me explicou um pouco do jogo e me convidou para jogar. Na nossa primeira mesa eu conheci outros jogadores: Rodrigo, que era amigo do Saulo e também já sabia jogar a mais ou menos um ano e meio; e o Arthur que iniciou sua "carreira" junto comigo.


O Deyvison se mudou para Benevides e a campanha teve que acabar. Daí o Rodrigo me chamou para jogar na mesa dele que era de Vampiro. Comecei a jogar na mesa dele e logo conheci outros jogadores. Aldair e Ricardo, que começaram na mesma época que o Arthur e eu, mas em narrativas diferentes.

Joguei durante oito anos nas narrativas do Rodrigo e sempre prestando atenção, tentando absorver o máximo de conhecimento possível, pois queria me tornar um narrador/mestre. Tentei narrar algumas vezes para o Aldair, Arthur e Rodrigo, mas não sentia que eles me apoiavam, então simplesmente perdi a vontade de tentar narrar.

Há três meses, quando apareci no encontro de RPG organizado pela equipe do RPG Pará, eu disse que estava interessado em narrar em um encontro e mês passado chegou um e-mail perguntando se eu queria ser voluntário para narrar. Sem pensar duas vezes, respondi que sim. Preparei tudo que precisava e esperei o grande dia chegar. Até comprei dados pela internet da Jambô.


Quando chegou o sábado, eu estava nervoso, apreensivo, tenso porque era "a minha primeira vez narrando de verdade" para um público diferente, e quando o Raga começou a anunciar as narrativas e ninguém havia se inscrito pra minha narrativa eu fiquei triste pensando: "pow!!! ninguém se inscreveu na minha narrativa... vou passar vergonha".

Daí chegou a minha salvadora, a Kezia. Ela foi a primeira da minha narrativa a chegar. Ela sentou e eu apresentei a minha narrativa e os personagens. Pedi pra que ela escolhesse um deles. Depois de ela escolher, comecei a narrar gaguejando, esquecendo palavras, até que os outros chegaram. Fui perdendo o nervosismo e segui com a narrativa. Após terminar, pedi pra galera dar uma nota. Todos deram 10! Quando vi aquilo, fiquei emocionado. Eu não sei se vocês conseguem imaginar o que eu senti, mas foi o melhor momento na minha vida de RPGista.

Agora eu sei como é ser um narrador e admito que não é nada fácil, principalmente por conta do cenário em que estávamos e do sistema escolhido por mim, que foi o Storyteller. Estar do outro lado da mesa é uma sensação ótima. Você não se sente ameaçado, porque afinal de contas, você é narrador/mestre. Você não tem que se preocupar com personagens, só com o rumo da história. Já como jogador, é diferente. Você só tem aquele personagem e é com ele que você segue na história. Se você perder, ele já era, mas ser narrador também é cansativo, porque afinal, estimular os outros é bem difícil.

16 comentários:

Gilson Rocha disse...

Texto fluente e bem escrito. Excelente uso da língua.

O RPG é alvo de possibilidades educativas, mas vejo jogadores e narradores trucidando o idioma, seja na língua escrita ou até mesmo na falada.

Parabéns.

Gilson

Cassiano Oliveira disse...

Enivaldo, muito obrigado pelo seu relato.

É muitíssimo reconfortante saber que todo o esforço valeu à pena.

Siga firme, companheiro, que o XP virá!

VorteX_Sama disse...

Fala man. Parabens pela mesa!
Vais mestrar nos outros eventos?

Unknown disse...

Parabéns, essa certamente será apenas a primeira experiência de muitas outras.

Ana Lokintytär disse...

Que venham muitas mesas pra você narrar! :) O fato de estar se esforçando tanto pra ser um ótimo narrador já é meio caminho. Parabéns!

RPGeo disse...

Legal o relato, parabéns pela sua conquista!

Eu conheci o RPG, no final da década de 1990, através dos meus primos que jogavam Vampiro (Storyteller), mas comecei no RPG, de fato, como narrador, no início dos anos 2000.

Eu narrava para apenas um amigo, com uma adaptação de pokémon para 3D&T que saiu em uma Dragão Brasil na época. Eu só tinha essa revista com as estatísticas dos monstrinhos, sem as regras básicas sobre o sistema. Inventamos uma forma de jogar com aquelas estatísticas e a partir daí jogamos várias e várias partidas... a minha narração era tosca, com um enredo bem fraquinho e uma descrição pobre: "Tú está andando no meio do 'nada' e a equipe Rocket aparece no balão deles. O que tú faz?".

Mas narrar para apenas UMA pessoa que nunca tinha jogado RPG antes foi muito bom, pois eu não me sentia pressionado a quase nada, apenas a me divertir. Considero esse um dos melhores jeitos de começar o ofício de narrador/mestre:

Um sistema muito simples, mas com uma boa estrutura (como o 3D&T antigo, não o ALPHA, BETA E GAMA...) e um jogador (ou dois) também inciante.

Agora uma responsa dessas de começar narrando em um evento! Foi muita coragem!

Um abraço.

Enivaldo Junior disse...

agradeço a todos por comentar no post, é muito importante pra mim esses comentarios porq é com eles que eu vou amadurecer as minhas ideias. respondendo a pergunta do lennon sim pretendo narrar outras vezes e mais uma vez obrigado pela força galera
e podem me chamar de junior eu acho enivaldo muito formal

Mike Wevanne disse...

Como disse o Cassiano, XP ganho, bro! Agora falta menos para o próximo nível! Seja bem vindo à vida por trás do escudo, compadre! Hehehe!

Elves disse...

Pode crer, Parabéns pelo post, me emocionei aqui ;D
Bem vindo ao mundo dos mestres e mostre o seu poder Junior :=

Gilson Rocha disse...

Já era, Enivaldo. Teu nome é muito mais marcante e raro.

Gilson

Anônimo disse...

Eu joguei na mesa do Enivaldo.

Foi uma mesa muito divertida. Percebi que ele possuia pouca experiencia como narrador, mas ele também demonstrava uma grande vontade na forma de narrar.

O foco da mesa eram de personagens que não fazem muito o meu estilo, mas ele soube conduzir muito bem, está de parabéns Enivaldo!

Alexandre Batalha disse...

Acho que não tem muita coisa a adicionar ao que os colegas já disseram.

Parabéns por continuar tentando e principalmente por conseguir. Muitos jogadores deixam de se tornar mestres de RPG por acharem que "vão fazer feio" atrás do escudo.
Sim, dá trabalho, mas é recompensador.

Mais uma vez, parabéns.

jcbpontes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
jcbpontes disse...

Cara, muito legal esse seu texto sobre sua experiência como narrador. Comecei a jogar RPG quando tinha uns 11 anos com o meu primo e um amigo que tinham a mesma idade que eu. Jogávamos basicamente nós três mesmo até que descobrimos outros amigos de escola que também jogavam. Normalmente quem narrava era o meu amigo Tiago e ele sempre comentava o trabalho que dava elaborar toda uma narrativa e tal. Jogávamos na maioria das vezes GURPS e AD&D. Tentei narrar uma vez e foi catastrófico! Atualmente (estou com 25 anos) não jogamos mais, o que é uma pena... Tenho muita vontade de jogar Vampiro: A máscara ou o Vampiro Idade das Trevas, mas meus nenhum dos meus amigos tem interesse em jogar RPG. Se você for começar uma outra narrativa ou for dar continuidade a essa que você mencionou no relato, me avisa que eu topo! Abraço e mais uma vez parabéns pelo relato.

Letícia disse...

Parabéns!! Um verdadeiro exemplo para todos nós :)
ainda quero jogar em uma mesa narrada por ti Enivaldo ;)
Letícia C.

Rosi Seth disse...

Bela história Enivaldo, apesar da barra de ter perdido seu pai, conseguiu se levantar e seguir em frente.. apesar de conhece-lo pouco sei que é uma excelente pessoa ^^..

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