18 de abril de 2011

O RPG Está Morrendo?


Esse fim de semana, mais precisamente dia 16, ocorreu o evento na Saraiva e durante as discussões uma questão foi levantada: O RPG está morrendo? Isto prontamente me fez pensar nessa postagem e eis.

Acredito que para responder a esta pergunta, devemos analisar um contexto bem mais profundo e lançar um olhar sobre as novas gerações que se levantam.

Primeiramente vamos retornar ao fim da década de 90, período este que foi considerado por muitos (e por mim mesmo) o auge do RPG, ou pelo menos o auge midiático que se dava ao mesmo. Foi um período em que o RPG ficou conhecido e se espalhou pelo Brasil com uma velocidade sem igual; em todos os locais existiam jovens das mais variadas idades jogando, aprendendo e compartilhando a amizade de estar em um grupo de RPG; foi um período em que os mais variados projetos surgiram no Brasil e no mundo, em fim, foi o auge.

Os que defendem a idéia de que o RPG está morrendo alegam entre outras coisas que todos esses eventos listados acima estão sumindo ou já sumiram; alegam que já não existe mídia sobre o RPG, ou mesmo que os que fizeram escola já estão crescidos e não se empolgam mais em jogar. Atualmente inclusive um novo “inimigo” surgiu, os jogos de computador, dizem alguns, vieram apara roubar os jogos de livros e dados.

Vamos agora fazer uma análise mais apurada de cada um desses fatos; comecemos com o desaparecimento dos grupos de RPG que outrora estavam em quase todos os lugares da cidade, esses grupos continuam surgindo sim, o que acontece é que esses mesmos grupos não estão mais tão na “mídia” como antes. Já quanto ao fato de antigos jogadores estarem crescendo e abandonando o jogo, eu pessoalmente discordo veementemente, uma vez que entendo que quem realmente gosta de RPG, uma hora ou outra, mesmo com os afazeres do dia a dia, acabam por arranjar um tempo, pessoas e lugar para jogar.

A grande questão que se levanta é: os jogos virtuais, roubaram ou não o publico RPGístico? Na minha concepção, não. Se você, narrador ou jogador, sabe usar isso como uma ferramenta, muito pelo contrário, atrai cada vez mais adeptos ao RPG, uma vez que populariza o termo e massifica cada vez mais os jogos.

Hoje em dia, eu considero o RPG dividido em duas vertentes, uma formada por jogadores que eu chamarei de “profissional”, tendo mais de 10 anos de jogo, seja como jogador ou como narrador e uma formada por “aspirantes”, formada por jogadores com 5 anos ou menos de jogo. Acredito que o papel desses profissionais é mais do que nunca, dar suporte a essa geração que está surgindo, fazer valer o seu passado como jogador.

Acredito sim que o RPG não está morrendo, mas está sim se reinventando, se adaptando aos tempos modernos, a uma nova geração que está surgindo e que entende que jogo bom é feito TAMBÉM pelo computador. Vi isso nesse encontro, onde um grupo de crianças participou ativamente do evento e puderam até mesmo jogar em uma das mesas (estavam devidamente acompanhados de responsável); é uma geração que veio para ficar, é uma geração que não vê problema em não se encontrar nos fins de semana com os amigos para jogar, pois faz isso todos os dias pela internet.

O RPG nunca vai morrer, por que existe mesmo antes de ter sido criado oficialmente, quando crianças brincam de interpretar personagens, brincam de policia e bandido, ou seja, lá do que for. Existe antes da nossa geração (me incluo nisso por que tenho tempo de jogo suficiente para ter visto o RPG no Brasil surgindo) e vai continuar a existir depois dela.

6 comentários:

John Bogéa disse...

Belo post, Leonardo. E acrescento mais:

Hoje nos temos mais de 300 blogs que despejam informação sobre RPG DIARIAMENTE na rede, centenas de Fóruns de discussão, dezenas de lojas virtuais, centenas de grupos que jogam DIARIAMENTE via Chats online, dezenas de comunidades em redes sociais, Eventos mensais em todo o Brasil, dezenas de editoras, concursos de game design, inúmeros projetos independentes, centenas de RPGS gratuitos para download (sem contar com os milhares de PDFs piratas a um mouse de distância), Centenas de Vídeos no Youtube (inclusive uma "TV bom é jogar RPG"), inúmeros grupos de Live action, milhares de cenários/sistemas pelo mundo...
Nossa, se alguém me provar que estávamos melhor a 10-20 anos atrás com nossos livros xerocados, dados de durepoxi, poucas revistas e poucas lojas especializadas, queimo agora toda minha coleção de livros (que provavelmente seria impossível de ter a 10-20 anos atrás, pois não tinha internet).
A era de ouro do RPG é HOJE, nunca antes na história se teve mais acesso a informação e a tantos jogos diferentes do básico feijão com arroz. Esse mimimi de velho: "no meu tempo é que era bom!" é puro mimimi mesmo, hehhehehe.

Anônimo disse...

Concordo com você quando diz que o RPG está se reinventando. Eu mesmo me vi forçado a buscar outras maneiras de jogar, tendo em vista que a vida fez meu grupo de jogo se separar. Jogo RPG "de mesa" online há mais de 1 ano e meio e estou com uma mesa a todo vapor.
E sim, cabe a nós da velha guarda manter a chama acesa e incentivar os novatos.
RPG na veia!!!

Rafão Araujo disse...

Assim como o John falou...

NUNCA esticemos em melhor momento, porem, assim como todas as midias, o rpg tbm mudou com o avanço da internet. Hoje, não temos necessidade de nos reunir ou viajar quilometros para trocar conteudos.

No meu tempo, apenas uma pessoa em toda a cidade tinha o livro do Vampiro: A Máscara, hoje, qualquer um o tem no seu pc.

Para mim o RPG nunca indicou sinais de morte.

Mestres do Sonhar disse...

Achei interessante seu ponto de vista. Só achei "infeliz" o comentário sobre "profissional" e "aspirante". Acho que não tem isso. São expressões como essa que elitizam os grupos de RPG e fecham a informação ao público. Já aprendi muito com grupos de iniciantes e o meu grupo atual de rpgistas é repleto de caras (e moças) que foram iniciantes há menos de cinco anos! E juntos temos aventuras memoráveis, jogando de Pokémon 3D&T a Castelo Falkenstein!

Mas concordo com seu ponto de vista, sim. O RPG está se reinventando, mostrando um público até mais jovem que seu "original". Esse lance de "o povo cresce e esquece" é coisa de gente sem imaginação, que acha que adulto é quem não se diverte. O hobby vem crescendo por baixo dos panos, através das redes sociais e de fóruns. Existem até mesmo sites na web onde você se inscreve e joga via fórum! E o que dizer do play-by-mail, que virou Play-by-E-mail (ou Play-by-Orkut, para os mais criativos).

Parabéns pela matéria. RT pra ela no Twitter e link no meu blog, http://mestresdosonhar.blogspot.com.

Mike Wevanne disse...

O RPG esta morrendo... O rock esta morrendo... Os quadrinhos estão morrendo... É 2012 chegando! XD

É como dizem, as coisas não são criadas nem destruídas, tudo se transforma (inclusive as escamas daquele dragão vermelho ancião que daría uma ótima couraça para sua armadura de placas!)

=D

Breno disse...

O RPG, que é um dos reflexos contemporâneos dos jogos teatrais com práticas datadas da história antiga, tá bem longe de acabar. Concordo plenamente com este post.

Cabe a nós jogadores reiventá-lo sempre, juntamente com o apoio de nossos parceiros criadores de cenários.

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