7 de novembro de 2010

Campanha Mundo das Trevas: Belém - Cena 3

Salve povo! Dando continuidade aos relatos da campanha de Lobisomem: Os Destituidos que estou narrando via Google Docs, hoje trago à vocês os relatos da Cena 3.

Para aqueles que pegaram a história a partir desse ponto e quiser voltar para ler a cena anterior, acessem o seguinte link: Cena 2.


CENA 3

10 de dezembro de 1615, 18h13min

Fazenda Mãe de Jesus, Estado do Maranhão

Após quase quatro horas de viagem, o grupo chega à entrada da Fazenda Mãe de Deus.

A fazenda logo se motra ser diferente do conceito de fazenda. O que se apresenta perante os olhares do grupo é na realidade uma mistura de aldeia indígena com vila. Uma pequena capela se encontra rodeada por malocas.

Vários índios observam a chegada do grupo. A vestimenta dos índios chama a atenção pois é algo um pouco diferente do que se tem visto. Os homens, ou estão usando calças ou estão usando tangas. Já as mulheres usam vestidos.

Enquanto estão entrando na fazenda, o silêncio do grupo é quebrado pelo condutor da carroça - chegamos senhores! A Fazenda Mãe de Jesus. Vou parar em frente à capela. Acredito que o Padre Aquino deva estar dentro. Sem haver nenhuma objeção o Condutor faz o mencionado.

De dentro da capela surge um homem vestido com uma roupa que remete à ordem dos Franciscanos. Ele se aproxima da carroça com um sorriso amigável e fala - sejam vindos meus irmãos. Já estava aguardando vocês.

- Bom dia, Padre Aquino - Fernão desce da carroça e aproximando-se do ouvido do padre, então completa: - Temos o dinheiro. Poderíamos conversar na capela sobre o carregamento?

Padre Aquino é pego de surpresa pela abordagem de Fernão e por alguns segundos fica mudo para então cair numa gargalhada estridente. Após alguns segundos de gargalhada ele recupera o fôlego e fala - mas que rapaz afoito! Se eu fosse um daqueles padres rabugentos eu entenderia isso como uma ofensa. Todavia, acredito que você tenha dito com a melhor das intenções, as quais irás me explicar tomando um copo de leite tirado de nossa fazenda - então ele aponta com o braço para a porta da capela e já dando alguns passos completa - venham! Tenho certeza que vocês irão gostar.

Manoel dos Índios desce da carroça e parte em direção ao padre, mas ao passar por Fernão ele fixa nos olhos deste e fala - seja mais prudente da próxima vez filhote.

Yawara permanece silencioso, comprimenta o padre mas observa os indios da vila e procura por algum indio conhecido antes de adentrar a igreja do homen branco.

Ao observar com atenção os outros habitantes da fazenda, Yawara percebe um povo indígena composta por muitas mulheres, de todas as idades, ocupadas com seus afazeres, como cuidar dos animais, prensar a mandioca, tratar das plantações próximas às malocas, etc. Há crianças correndo e brincando espalhadas pelo local. Alguns homens se interagem com o restante, todavia eles aparentam ter uma idade avançada. Infelizmente Yawara não consegue identificar algum conhecido ou familiar.

Fernão fica muito desconfiado da atitude do padre. Ele segue com cautela Manoel dos Índios e o padre para então falar - com licença, senhor, mas o senhor não é o Padre Aquino?

- Sim, sou eu mesmo meu jovem - responde Padre Aquino na porta da capela com um sorriso no rosto - entre! Vamos conversar sentados na cozinha da capela - então ele atravessa a porta se perdendo de vista daqueles que permanecem do lado de fora.

Logo em seguida passa Manoel dos Índios, sem dizer alguma coisa ou olhar para trás.

Então a voz do condutor da carroça quebra o foco dado à capela - senhores! Desculpe interrompê-los, mas preciso levar os bois para beber água e comer alguma coisa. Se vocês não precisarem de mim no momento, eu peço permissão para me retirar.

- Pode deixar! - Fernão faz sinal de positivo com a mão esquerda e com a direita segura a porta que ia fechando para entrar em seguida e segurar a porta pro Yawara.

Yawara segue Manuel dos indios e Fernão, observando atentamente a capela.

Ao entrar na capela, logo Yawara e Fernão logo percebem que ela é bem rústica, sem maiores adornos. Há vários bancos alinhados em duas colunas e separados por um corredor. Na frente deles há um altar bem simples feito em madeira, e logo em seguida uma grande cruz feito em madeira. A iluminação é boa graças às várias janelas distribuidas na parte superior das paredes.

A contemplação da capela é quebrada pelo som de uma porta se abrindo. É Padre Aquino abrindo uma porta no fundo da capela. Ele faz sinal para Manoel dos Índios passar e assim o mesmo faz.

Logo em seguida o padre acena para vocês dois e fala numa voz um pouco mais alta - nossa capela não é linda?! Na simplicidade repousa a beleza. Venham! - então ele passa pela porta.

Fernão olha para a capela e sente-se bem, muito diferente do que se lembrava de sua terra natal, nas suas memórias terríveis das igrejas da inquisição. Segue adentro pela porta que o padre entrou.

Ao passar pela porta Fernão encontra Manoel dos Índios e Padre Aquino sentados em uma grande e simples mesa feita de madeira com bancos compridos que o servem de assento. Em cima da mesa se encontram copos de leite.

- Sente-se conosco meu rapaz - fala Padre Aquino acenando para Fernão sentar.

- Pois não - Fernão atende ao chamado de Padre Aquino e junta-se ao lado de Manoel dos Índios no banco.

Yawara, por não se sentir convidado a sentar, fica em pé observando os demais. Para ele ficar em pé é até melhor, pois não gosta muito de capelas, por ter sido forçado para essa nova religião. Coisa que não aceitou.

Padre Aquino percebe a vontade de Yawara de não se sentar e logo fica alguns segundos pensativo. Após alguns segundos ele quebra seu estado contemplativo e se vira aos demais para falar - então meus filhos. É uma felicidade recebê-los. Não é muito frequente a presença de pessoas que não sejam desta vila. Todavia vocês já eram esperados. Na semana passada recebi uma mensagem informando o interesse do Capitão-Mór Castelo Branco em obter mantimentos para sua viagem. De posse dessa informação, tratei logo de providenciar o solicitado, porém como não sabia quando vocês iriam chegar, não armazenei adequadamente, mas acredito que com ajuda vocês poderemos carregar tudo amanhã e vocês poderão partir antes do meio dia. O que me dizem?

Fernão responde - não querendo desmerecer sua bonita vila, Padre Aquino, mas amanhã estará ótimo! O senhor sabe nos dizer se os bandidos das estradas espreitam por aqui também? Poderemos trabalhar guardando e carregando os mantimentos como o senhor disse enquanto terminam de ser empacotados. E antes que o senhor tenha qualquer objeção, ao menos da minha parte será um prazer ajudar, pois acabei de passar um tempão sentado numa carroça sacolejante e quero me esticar um pouco.

Fernão continua - mas me diga uma coisa, Padre Aquino - ele então dá uma golada generosa no leite oferecido a eles para então continuar - estas redondezas são meio isoladas ou recebem visitas frequentes de agentes evangelizadores?

Com o semblante de apreensão, Padre Aquino responde - vocês viram esses bandidos nas proximidades ou é algo que vocês escutaram? Na realidade só temos conhecimento das histórias que chegam até nós pelos viajantes, e o que temos escutado são histórias perturbadoras. Esses homens parecem estar perturbados para estarem fazendo tanta maldade.

Fernão, esquecendo-se de sua deslocada segunda pergunta, fala - o capitão-mor nos deu um relatório de algumas aparições destes bandidos. Quais foram as histórias que vocês ouviram? Também relatam sobre a forma estranha como eles se comunicavam?

Yawara pensa “agora poderei saber sobre eventuais bandidos da área”.

- As histórias que os viajantes tem nos contado é de que esses malfeitores tem roubado tudo que fosse valioso e agindo com agressividade. Chegamos a ouvir que eles teriam matado alguém - responde Padre Aquino - Deus perdoe essas pobres almas, eles não sabem o que fazem - ele para pra pegar um fôlego e continua - também tem algo importante que nos foi contado. Esses malfeitores tem frequentemente atacado nos finais da tarde, quando a luminosidade se enfraquece.

- Então, se pudermos, gostaríamos de agilizar desde já o carregamento dos mantimentos - pede Fernão ao padre - se ficar muito perigoso para tal serviço, manteremos vigilância sobre o carregamento, não concordam? - pergunta ele para Manoel e Yawara.

Yawara concente com a cabeça e fala - como guerreiro valoroso que sou, não vou deixar que os mantimentos sejam levados. Não se preocupe. Por mim ninguém passa!

Manoel dos Índios, olhando para Fernão e Yawara, fala - bom... não vejo na de mal nisso. Podemos fazer turnos para não ficarmos exaustos para nossa partida ainda amanhã. Eu fico com o primeiro turno. Quem ficará com o segundo?

Após alguns segundos esperando alguma resposta, Manoel dos Índios impacientemente fala - tá certo! Será você Yawara.

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Quero agradecer àqueles que nos deram o prazer de ler nossos relatos de campanha.

Também gostaria de deixar um convite para aqueles que estiverem interessados em participar da campanha. Aos interessados, por favor pronuncie seu interesse nos comentários e adicione seu nome e e-mail para contato.

Entrarei o mais breve possível em contato para viabilizarmos sua participação na campanha

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