10 de julho de 2010

RPGCON, um olhar das Terras Quentes do Norte - Parte 2 de 2


Passada uma semana, agora relato com calma minhas impressões e experiências no evento, que mesmo indo de tão longe, do Pará, Norte do Brasil, e com a grana apertada, afirmo que vale a pena e ainda falo dos custos aos interessados em ir para São Paulo.


- Chegando
Cheguei um dia antes, desci em Guarulhos, cidade vizinha. É mais barato que descer em São Paulo (Congonhas). A diferença na passagem aérea pode ser de R$200,00 a R$ 400,00.

Peguei um ônibus e desci no metrô e fui até a estação mais próxima ao albergue que reservei. Eram 15h00 da sexta-feira e de lá já fui andando até a loja MoonShadows. Que felicidade! Eu não entrava numa loja de RPG desde 1999, a última de Belém. Comprei os livros que reservei previamente, 3 para minha pesquisa com RPG e educação e outro do excelente Bernard Cornwell (nenhum de RPG). É uma loja fantástica, com muitos títulos nacionais e importados, além de uma variedade de outros produtos.


- Momentos iniciais
No sábado acordei bem cedo como de costume, atualizei um site cultural sobre minha cidade e fui andando pela saudosa Avenida Paulista, que não a via desde 2002. Peguei o metrô, desci na estação próxima ao evento e segui os outros nerds.

Logo reconheci e cumprimentei o Valberto, dono do blog Lote do Betão. Como não uso uma foto em minha identidade digital, ele alegou que não tenho rosto de raposa (hehehehhe!). Depois cumprimentei o Jaime Daniel, que tentava lembrar-se de mim (coloquei uma foto neste blog e no meu blog antes de viajar). Ele me deu uma calorosa boas vindas e falamos rapidamente. Depois cumprimentei o Shingo do Paragons, que também me deu boas vindas. Ele fez uma resenha mais metodológica do evento. No final deste texto.


- RPGs usados
Entrei na fila dos RPGs usados e não encontrei nada que me agradasse. Vi muitos, muitos mesmo, AD&D, Vampiro: a máscara e GURPS 4a edição. Em menor quantidade vinha Lobisomem: o Apocalipse e Senhor dos Anéis Sistema Coda. As centenas de outros títulos variavam em suplementos, outros livros básicos e quadrinhos. Fiquei um pouco desanimado pelos preços, não apenas por serem usados, mas por serem sistemas que não são mais usados ou que foram substituídos por novos sistemas.

Ainda na fila o Daniel Coimbra, daqui do RPG Pará e morando em Macapá atualmente, me reconheceu e me cumprimentou. Eu não sabia que ele falava sério em ir para o evento e eu só pude decidir três dias antes.


- Lojas, compras e sistemas independentes
Na área principal olhei bastante os estandes das lojas d3Store, Moonshadows, editora Jambô e uma de jogos de tabuleiros. Comprei apenas alguns dados, o livro dos draconatos e um R2D2 de pano (fofinho!) que minha sobrinha já me surrupiou. Pelo menos será uma nova nerd, assim espero.

Dei uma olhada rápida na feira de RPGs independentes que ficava em mesas próprias. Comprei apenas o ótimo fanzine Mamute, que encarta o divertidíssimo jogo Tópicos & Trolls, ironizando as batalhas digitais pela internet. Há várias matérias, como fantasia brasileira, pirataria e outras. Altamente recomendado. Num momento tietagem pedi para o Rafael Rocha, o aparente cabeça da publicação que conta com vários autores, autografar meu exemplar. No blog Área Cinza, no fim deste texto.


- Atrações e mesas de jogos
As atrações de vários grupos eram muitas, em várias salas no andar de cima do colégio, além de várias palestras, sempre 3 ou 4 ao mesmo tempo e era necessário escolher uma. Assisti a uma palestra sobre RPG e educação no sábado, mas tive que perder a palestra da Secular Games sobre a experiência em publicação de jogos independentes. Uma pena, queria muito ter visto. Uma sugestão que enviarei é que as palestras sejam gravadas e depois formatadas em DVD. Os extras podem ser fotos, gravações das atividades no evento, etc.

Eu via o Douglas d3 correndo de um lado para outro, sempre apressado e falando ao celular e não pude cumprimentá-lo no sábado.

Na quadra de jogos estavam as mesas para jogar. Um quadro de avisos na entrada informava o nome do mestre, tipo de aventura e o sistema. O grupo RPG Arautos se destacava na organização, inclusive com lindas camisas pólo personalizadas e uma faixa divisória, separando das outras mesas. Pessoalmente considerei isto muito segregador, mas não sei se havia um motivo prático para tal. Joguei uma mesa com eles no domingo, de Star Wars Saga, mas era uma aventura para uma campanha e foi pouco emocionante, além do narrador privilegiar os jogadores que falassem mais alto. Quando mestro, pergunto para cada um sua ação. O R2D2 de pano adornou a mesa.

Próximo à quadra, descendo uma escada, havia mesas para card games, jogos de tabuleiro e vendedores de miniaturas. O pessoal se imprensava para ver as miniaturas e devo estar muito velho mesmo, porque mesmo com vontade de comprar, não tive o mínimo ímpeto de esmagar e ser esmagado. No domingo dei sorte e comprei um bárbaro ignorante e um draconato ignorante.

Entrando numa outra área próxima à quadra (o colégio Notre Dame é totalmente labiríntico mesmo), seguindo um corredor, cheguei à feira medieval. Muito bacana! Pessoas trajadas como vikings e guerreiros medievais, homens e mulheres, itens artesanais, comida medieval e outras coisas interessantes. Realmente parecia um evento totalmente à parte. Destaque para os vikings que de vez em quando andavam pelo evento batendo um tambor de guerra, tocando uma corneta em forma de chifre, batendo armas nos escudos e urrando. Era muito louco! Senti-me no filme O Senhor dos Anéis com a chegada dos inimigos.

Falei com o Mestre Nitro, que conheci pessoalmente em Belo Horizonte como já reportei aqui no blog. O Daniel levou presentes regionais para ele, que ficou muito grato.


- Palestra das editoras e outras pessoas
Prestei atenção apenas no que me interessava, em Gurps. Mas foi agradável ouvir a Jambô, Daemon e principalmente as editoras menores, a Secular Games e a RetroPunk. Depois cumprimentei a Maria do Carmo Zanini e Otávio, ambos da Devir. Mais tarde pude me apresentar ao Douglas d3, que se lembrava de mim pela internet, inclusive retomando que fiquei aborrecido por ele ter dito que o Pará fica no Nordeste certa vez. Expliquei que aborrecido não, pois isso acontece muito, mas que foi uma alfinetada sem pena, foi mesmo! Ele foi bastante atencioso em ceder alguns minutos de sua incessante correria.


- Blogs
Estava esperando encontrar outros blogueiros no Encontro de Blogs, mas não aconteceu como o esperado. Foi cedida uma sala e quem quisesse expor algo colocava o horário, nome e o assunto. Ouvi um dos irmãos Anand (blog rolando 20) falando de podcast. A programação do evento que foi para a internet não foi a mesma distribuída em panfleto.


- RPG e educação
No domingo acompanhei o Matehus Vieira e sua experiência em aplicação do RPG. No sábado foi o Rafael Carneiro. Os assuntos deles não são a trilha do meu trabalho, mas é muito bacana encontrar pesquisadores que trabalham com algo que todos gostamos.

Joguei com Matheus no domingo usando o sistema que ele aplica com jovens e foi bastante interessante. Lamentei não ter encontrado o Paulo Micchi, criador do ZIP. É o sistema dele que apresento para professoras/es nos eventos de educação


- Uma saga à parte, Boteco RPG e criando novos jogadores de RPG (fora do evento)
Eu não lembrava do ‘Boteco RPG’, onde vários personagens seguem para um boteco após o evento, mas em contrapartida acompanhei o Daniel até o albergue que ele se alojou, perto do evento. Como ele ficou na casa do Rafael, eu fiquei no lugar dele do sábado para o domingo, pois o albergue estava lotado de jogadores de Araraquara, interior de São Paulo. Foi bem divertido. E o mais legal foi estar na portaria com o casal de donos e uns hóspedes e ouvir falarem da estranheza que eram miniaturas e o “tal do RPG”. Bem, intervi amigavelmente explicando e mestrando uma aventura para eles usando o Zip. Gostaram tanto que mestrei outra aventura ambientada no seriado Fringe. Jogamos das 22h até 01h00 porque eu estava cansado e com muito sono, mas eles queriam continuar. Um sucesso!


- Finalizando
O evento é agradável, divertido, muita coisa para ver/fazer, pessoas fantasiadas, tem muita gente para encontrar e conversar ou simplesmente jogar em mesas diferentes com diferentes pessoas. Seguranças contratados faziam o monitoramento em vários pontos para que nada de grave acontecesse. Leve agasalho, pois faz frio nesta época do ano lá, aqui no Norte é o verãozão.


- Custos
Ir à RPGCON para quem mora longe é uma grande decisão de custo. Ficar em albergue é o mais indicado e que seja próximo a metrô. Se comprar comida em supermercado para a noite, o custo sai mais em conta. Contado hospedagem, almoço e lanches, fica entre R$ 60,00 e R$ 100,00 por dia. Como as empresas aéreas parcelam em até 10 vezes as passagens, é possível se programar com um mês de antecedência que dá tranquilo. O custo maior pode ser as compras feitas no evento, o que é inevitável. Portanto, programem-se e nos encontramos lá!

Gilson, das Terras Quentes do Norte

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