27 de fevereiro de 2011

Jogar o Novo Mundo das Trevas

Quando eu escrevi a respeito da narração do novo Mundo das Trevas, tinha em mente fazer uma série de matérias que falassem a respeito desse novo sistema, ou melhor, desse novo/velho sistema. Escrevi quase tudo aquilo que penso a respeito da narração e dos narradores.

Pois bem, vou falar agora a respeito da outra face da moeda: O que é jogar esse novo cenário? Quais as expectativas e possíveis frustrações do jogador Novo WoD?

Em primeiro lugar, acho que não há nada mais especial em RPG do que jogar, criar um verdadeiro mundo e fazer parte dele. Ser mocinho e vilão, herói e bandido, tudo em um faz de conta. Ser quem você realmente gostaria de ser. Essa é a beleza de jogar, essa é a mágica de ser jogador.

Com a mudança de sistema, acho que ninguém foi mais afetado do que o jogador, alvo principal do RPG. Tendo elementos que misturam o novo com o velho, de repente o jogador se viu mergulhado em regras e ambientações diferentes do que estava acostumado. O mundo girou. Tudo era novo. E agora?!

Jogar o NWoD exige do jogador mais maturidade, um amadurecimento quase que total, tanto em escala pessoal quanto RPGisticamente falando. Hoje, joga-se em cenários que exige um mínimo de conhecimento do comportamento humano, relações sociais e visão de mundo. Ao mesmo tempo em que o foco das linhas de jogo, em sua maioria, ficou focado em cenários locais. Ficaram também globais quando “pede” um olhar mais crítico a respeito de uma possível visão do passado para explicar um plot no presente.

Mas e seu eu não tiver todo esse conhecimento de mundo, minha diversão estará prejudicada? A resposta é um catedrático e sonoro NÃO!

O RPG é diversão e sempre será voltada para o divertimento pessoal, independente de quem está jogando. Sempre haverá uma forma de se divertir e isso é bom. Mas e quanto ao amadurecimento e blá, blá, blá? Somente o potencial jogador não vai aproveitar tudo o que o cenário tem para oferecer e podem acreditar, eles tem muito a oferecer.

Isso poderia soar como algo ruim, mas daí vem à experiência pessoal e o quanto ela interfere na mesa de cada jogador e em como esse mesmo jogador pode ver o desenvolvimento de um personagem.

Eis porque é errado fazer o que é mais do que natural que seja feito: comparar os sistemas.

O Velho WoD cumpriu com maestria aquilo a que se propôs. Tanto é que durou plenos 13 anos e realizou uma verdadeira revolução no conceito do que é jogar RPG. Já o Novo WoD apresenta uma nova proposta e tenta evitar, ou ao menos corrigir, erros categóricos. Em suma, são duas realidades de um mesmo jogo e onde entra o jogador nesse fuzuê todo? É verdadeiramente o único que sai ganhando na medida em que é o alvo principal de todos os sistemas e tem a chance real de escolha.

Jogar o novo sistema é querer investir tempo e diversão não somente no que é novo. Não é descartar o velho, nem muito menos fazer parte de uma minoria que vem tentado a todo custo dividir o Mundo das Trevas em grupos que se confrontam em uma verborragia desnecessária para saber quem é o melhor. NÃO! Jogar o novo é querer apostar na maturidade e investir em diversão.

Bem, até agora eu só escrevi voltado àqueles que já jogavam RPG. Mas e aqueles que estão aprendendo agora e que estão voltados para o Novo WoD? No meu humilde ponto de vista esses são os que melhor aproveitarão o sistema, uma vez que estão vindos sem uma série de vícios comparativos entre linhas, estão abertos a aprender e olharão para o antigo cenário com uma gostosa curiosidade, contribuindo definitivamente para aumentar a aura mágica que existe e eternamente existirá em torno da antiga linha do Mundo das Trevas.

Em suma, independente se você que está lendo essas linhas gosta desse ou daquele sistema, você é um jogador de RPG acima de tudo e certamente está contribuindo para o desenvolvimento daquilo que nos dias de hoje, no mundo cyber-moderno, parece ser um dos últimos guardiões das rodas de amigos. Afinal, nada melhor do que reunir a velha turma para jogar conversa fora, retomar histórias, relembrar o passado e por fim... jogar RPG!

Autor: Leonardo Teixeira

2 comentários:

John Bogéa disse...

Bonito isso, Ragah. :)

Bem, nunca escondi o quanto o novo mundo das trevas me agradou, o quanto ele ficou mais maduro, rico e planejado, e isso é maravilhoso, principalmente para o público adulto em que a grande maioria dos livros novos são destinados.
Obviamente, gostar do novo, não quer dizer desgostar do velho, tenho um carinho muito grande pelo velho WOD, mas tenho que aceitar que ele foi um jogo destinado aos anos 90, ele foi pensado para os anos 90. Os anseios dessa época, refletidos nos antigos antagonistas (Wyrm, tecnocracia e etc.) não são os mesmos anseios da época atual, não faria sentido ficar insistindo, fazer fan-service, ficar desatualizado.

Sinto grande nostalgia pelo antigo mundo, ele apareceu em uma época perfeita, quando todo mundo tava saturado de explorar masmorras e matar dragões. Ele também acabou no momento certo, como mártir de uma década, e isso ninguém vai tirar dele.

O novo mundo das trevas não deixa nada a desejar, esquecendo um pouco a nostalgia, diria até que é muito melhor, e nem to falando de sistema, mas de cenário.

Rafão Araujo disse...

Eu sou suspeita pra falar.

Mas como o John falou, ele tem um fortato dos anos 90. Tudo era encaixado dentro de um megaplot e a criação era deixada de lado. Era uma epoca que conhecer mais e mais conteúdo era motivo de guerra. Assim como ocorreu com o Heavy Metal na mesma época.

O NWOD é mais maduro, obviamente ele tem um pouco de D&D 3.X, permitindo qualquer mistura e criação. Ele é um cenário maduro e me mostra como as coisas devem ser.

A WW é pra mim uma empresa que dividiu aguas no mundo do RPG. Para todo o sempre o meu Vampiro a Mascara 2ªed autografado por Justin Achilli vai ter espaço na minha pratileira.

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