13 de maio de 2010

DRAGON AGE: The Role-Playing Game

Já se passaram séculos desde que o último Flagelo devastou o mundo de Thedas. Muitos acreditam que isso nunca mais vá acontecer, que a Era dos Dragões nunca verá a ascensão desse mal. Mas estão errados. No subterrâneo, as crias das trevas se movem. Um novo arquidemônio se ergueu e, com ele, um novo Flagelo irá assolar as terras e escurecer os céus. As nações de Thedas precisam de uma nova geração de heróis, mas quem responderá ao chamado?

Violência, brutalidaade, aventura épica, magia negra e sangue, muito sangue! Dragon age é um livro de RPG baseado no Game de PC de mesmo nome desenvolvido pela Bioware. O jogo de computador fez tanto sucesso que a Bioware (empresa dona da patente e criadora de clássicos como Never Winter Nights e Baldur's Gate) decidiu deixar para a Green Ronin (Mesma Editora do Mutantes & Malfeitores) criar um sistema de RPG Pen&Paper (RPG de Mesa) para seu recente, porém aclamado, cenário de aventura medieval, ou “Dark Fantasy” como prefere chamar o game designer Chris Pramas (criador de Warhammer Fantasy Roleplay e responsável pelo Dragon Age RPG). Desde então só ouço elogios tanto para o sistema quanto para o cenário.

Uma boa notícia para nós brasileiros monolinguísticos é que a Jambô (editora nacional) decidiu traduzir o material, aumentando nosso repertório nacional de cenários/sistemas diferentes dos já tradicionais D20 e Storryteller(lling). Agora é só esperar e experimentar novos ares.

A primeira sensação que tive quando peguei o livro foi “broxante”, tenho que confessar. O livro é pequeno demais pro tamanho do cenário e das possibilidades de personagens, contém míseras 60 e poucas páginas (Como diabos querem explicar um cenário gigante+sistema em 60 páginas? malditos sejam!). E como já era de se esperar, nem de longe explica com profundidade o mundo em que se passa a aventura, e depois que se lê a gente fica com aquela cara de bunda, cheio de dúvidas que não serão saciadas (pelo menos não agora). O volume pequeno do livro em relação ao tamanho do jogo é com toda certeza o ponto mais fraco de Dragon Age RPG. Mas, existe uma justificativa para isso, pelo que me informei, a Green Ronin adotou uma tática bem estranha em relação ao jogo. As regras básicas serão divididas em 4 livros, até agora já foram lançados 2 deles: O livro do Jogador e o Livro do Mestre, sendo que o livro do jogador traz só parte das regras necessárias para jogar, isto é, regras apenas para personagens iniciantes, (nível de 1 a 5) se quiser evoluir seu personagens a niveis mais altos terá que esperar o próximo player set (péssima idéia, Green Ronim, mas enfim...)

A estrutura do sistema segue um conceito “gamista” (assim como d&d, mas diferente), exitem apenas 3 classes (guerreiro, ladrão e mago) e 3 raças (humano, anão e elfo), achou pouco? Mas não é! Diferente do conceito tradicional de classes (que nos condicionamos depois de anos jogando apenas d20) Dragon Age trás algo parecido com “caminhos de possibilidades”, afinal, se pararmos para refletir, algo como um guerreiro possui um conceito amplo, que pode englobar centenas de possibilidades como um samurai, um bárbaro, um gladiador e etc. A mesma coisa acontece com as outras duas classes. Além disso, o status social do personagem também interfere na costumização geral, você pode ser desde um simplório plebeu briguento até um nobre cavaleiro, isso vai influenciar em suas habilidades, finanças e sociabilidade.

O cenário é exatamente igual ao do game de PC (lógico!). Ferelden é um reino decadente, místico e a beira de eventos catastróficos iminentes. Você é um “Zé-ninguém” que acaba se envolvendo em eventos maiores e mais perigosos do que possa imaginar. Como é de praxe, a luta eterna do bem contra o mal faz o palco perfeito para uma aventura épica recheada de combates sangrentos, honra e glória.
Quanto as raças, os elfos são seres decadentes e vassalos (quase de dar pena) e os anões são refugiados das profundezas da terra e são considerados traidores por seus primos sombrios que habitam o profundo subterraneo da terra.

O sistema também é bem legal (mas para os mais fanboys do game de PC talvez não seja assim tão bacana), ele trouxe para o livro elementos básicos do vídeo-game, adaptou outros e ignorou grande parte, na minha opinião muito bem adaptado. Você possui 8 atributos básicos (comunicação, astúcia, destreza, magia, percepção, força e vontade) e associa a cada um deles um focos (como se fossem perícias), quando quiser realizar uma tarefa você rola 3d6 (tudo no sistema se apóia em apenas 3d6) soma o resultado dos dados a seu atributo básico (onde esteja o foco adequado à ação) e tem que ter um número igual ou maior a uma dificuldade estabelecida pelo Mestre (ou a defesa do oponente se for um combate), pronto, agora você já sabe jogar Dragon Age, alias, falta só mais um detalhisinho: O Dragon Die.
A elegância do sistema, está nos dados, isto é, para se jogar Dragon Age, como citado anteriormente, é necessário 3 dados de 6 faces, mas dentre esses dados é necessário que um deles seja “diferente” dos demais (cor, formato, marcação, o que você quiser), esse dado vai ser chamado de “Dragon Die”, me atrevo a traduzi-lo como “Dado do Dragão” (desculpa ae Jambô, mas provavelmente vocês também vão chamá-lo assim). Esse dado define a qualidade da ação, por mais que você tenha sucesso em uma determinada tarefa, é o Dado do Dragão que vai determinar o grau de perfeição do seu sucesso. Quanto maior o numero no Dado do Dragão mais “bonito” terá sido o seu sucesso. Isto é, o jogador terá que vencer duas metas para executar uma tarefa: uma dificuldade quantitativa e uma dificuldade qualitativa.

O combate funciona da mesma forma que outros testes, você rola 3d6 e soma o resultado dos dados ao valor de destreza+foco adequado para atacar com armas a distancia e força+foco adequado para atacar com armas brancas (a força também é somada ao dano de armas brancas). A dificuldade do teste de ataque é um valor fixo de defesa do oponente. A armadura não soma na defesa do personagem, mas subtrai o dano recebido (graças a deus, finalmente a armadura usada de forma coerente).

Fica bem claro que a intenção da Green Ronin era criar um jogo fácil e rápido, que poderá ser jogado por qualquer pessoa com poucas horas de leitura. Talvez o Dragon Age fará o papel de jogos como First Quest, já que é impossível ler o capitulo introdutório do livro sem saber tim-tim-por-tim-tim o que é RPG e como jogá-lo mesmo que você seja uma pessoa que jamais tenha tido qualquer contato com RPG.

Bom, apesar de achar o cenário pouco explorado pelos livros, o jogo é ótimo e necessário para quem gosta de um sistema simples e um cenário sombrio. Alguns "fóruns da vida" já levantaram até a hipótese de uma concorrência, pelo menos no mercado nacional, com o velho de guerra D&D, afinal, o livro provavelmente vai ser mais barato, o cenário é mais brutal e o sistema é infinitamente mais fácil e realista (duvido que isso ocorra, D&D tem raízes muito profundas, mas não sou profeta, então, melhor nem comentar).







4 comentários:

Gilson Rocha disse...

Melhor resenha que já li sobre o jogo. Sério! E adorei o termo 'monolinguísticos'.

Fiquei na dúvida neste trecho:
"(...)é impossível ler o capitulo introdutório do livro sem saber tim-tim-por-tim-tim o que é RPG e como jogá-lo mesmo que você seja uma pessoa que jamais tenha tido qualquer contato com RPG."

Gilson

John Bogéa disse...

Obrigado Gilson :)

Quanto a tua dúvida, lendo o inicio do livro, percebe-se que eles se preocuparam bastante com a questão "jogador iniciante", o livro foi feito também pra quem nunca jogou RPG, servindo de porta de entrada pra esse mundo que todos nos pertencemos. Lembra dos livros de antes que tinham o velho capitulo de "o que é RPG e como jagá-lo"? Hj em dia é cada vez maior a tendencia de livros que simplesmente ignoram essa apresentação e acabam sendo feitos para o público que já joga RPG.
Você pode largar o livro na mão do seu sobrinho de 12 anos (idade mínima pra jogar dragon age)que ele vai aprender tudo sem precisar de maiores explicações.

Gilson Rocha disse...

Ah, tá! É que tropecei para entender mesmo. Então não seria "é POSSìVEL ler o capítulo introdutório(...)" ?

A resenha fala de pontos que ninguém mais falou, e agora sim me interessei pelo produto, pelo sistema. Só faltou mesmo dois pontos bastante relevantes: que vem em formato de caixa e reforçar que é voltado para quem não conhece RPG, uma atitude brilhante da editora americana e da brasileira Jambô, algo que deveria ter sido feito há mais de dez anos pela Devir e que a Daemon fez brilhantemente com seu RPGQUEST nas bancas.

Abraços!

Gilson

Unknown disse...

que bom.adorei esse cenario

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