17 de agosto de 2009

RPG na Educação - Uma Ferramenta para Integrar, Informar e Socializar

Salve povo!

Hoje estou trazendo para vocês uma entrevista muito interessante que fiz com o Gilson Rocha, RPGista e responsável por trabalhos acadêmicos na área da educação usando o RPG como ferramenta de integração, informação e socialização. Vamos à entrevista!

Qual é o seu nome?
Gilson Rocha de Oliveira.

Gilson, o seu trabalho é voltado para a educação usando como ferramenta o RPG. Você pode falar comentar sobre seu trabalho?
Eu tenho pesquisado a aplicação do RPG em educação, o que não é nenhuma novidade, já existe há alguns anos no Brasil e em alguns países. Há bibliografia no mundo sobre a aplicação que eles chamam de narração interativa no Brasil, não é exatamente o jogo de RPG como conhecemos, mas a questão da narração interativa, que é o que a gente sabe: contar a história e os outros participantes, no caso os alunos, crianças e adolescentes, representarem alguns personagens ou até eles mesmos na história proposta pelo professor ou por outros alunos, e no meio dessas histórias, na hora de resolver enigmas ou situações, serem usados os conhecimentos de sala de aula. Daí vem essa mescla de RPG e educação, que já existem mestrados, doutorados e livros publicados sobre o assunto.

Como foi que você se inspirou nesse trabalho? A partir de que momento você sentiu que esse era o caminho a ser tomado?
Essa história é um pouco mais longa. Começou com minha vida profissional. Sou publicitário e veio meu desemprego, baixos salários, tentativas de pequenos negócios, etc. Então eu resolvi voltar à vida acadêmica fazendo um mestrado. Por acaso não tinha na minha área, que é comunicação social / propaganda, então eu fui buscar em educação. Como eu já conhecia o RPG voltado para educação desde 2000 com o livro da Andréa Pavão, “As Aventuras da Leitura e da Escrita dos Mestres de RPG”, eu já sabia que era possível usar. Isso foi em 2008 que eu pensei “bem, vou fazer mestrado na área de educação usando o RPG, que é uma coisa que já conheço e vou pesquisar”. Engana-se quem acha que é só saber jogar RPG. “Eu sei jogar RPG e vou jogar na sala de aula com conteúdo didático”. Não é. Há um cruzamento de informações de outros autores que nada tem haver com RPG como estamos acostumados. A questão de narração, de filosofia, de literatura e de outras coisas ligadas à educação, diretamente ou não. Então, é o cruzamento dos assuntos, dos dados e das leituras. O jogo de RPG e a narração interativa e essas outras linhas e vários outros autores.

Há quanto tempo você está desenvolvendo esse trabalho?
Começou em julho de 2008, quando eu comecei as primeiras leituras. Eu digo que tive que reaprender a ler e reaprender a escrever, porque é outra linguagem a acadêmica, coisa que eu já não lembrava mais como era. Eu ainda não entrei no mestrado, pois estou ainda no processo de seleção.

Você já obteve algum resultado ou produto do seu trabalho?
Produção propriamente dita, houve um evento na semana acadêmica da UEPA que eu pude falar de RPG e educação para os futuros professores, que era de vinte pessoas e acabou tendo trinta e poucas pessoas. Eram alunos de matemática, química, biologia e pedagogos. Uns seis deles já conheciam o RPG que a gente conhece, o chamado tradicional ou comercial. Os outros vinte e cinco não conheciam nada, nunca tinham ouvido falar de RPG, se encantaram com as possibilidades e pegaram contatos meus. Eu falei, expliquei e joguei duas partidas com eles. Foram quatro dias de oficina e eu senti que alguns vão se tornar jogadores de RPG e outros, como professores, aplicarão – acredito, não posso prever o futuro – com os seus futuros alunos. Haverá mais um outro evento aqui em Belém, o IFNOPAP, que é nacional, e eu coloquei outro trabalho que é “O RPG e a Criação de Narrações em Sala de Aula”. É pra vocês perceberem pelo nome que já não é tão o jogo. É a questão de criação de narrações, sejam orais ou escritas. O trabalho foi aprovado e será apresentado em agosto no evento. Também tem mais eventos de outras universidades que eu estou me escrevendo com tópicos ligados ao RPG e educação, seja com criação de narrativas na sala de aula, a questão da leitura, a questão da prática da escrita e outros aspectos.

Além do retorno acadêmico, qual seria a contribuição o seu trabalho ao ambiente do RPG no Estado do Pará?
Se tudo der certo, o meu plano megalomaníaco é entrar na vida acadêmica como professor universitário – coisa que eu nunca havia pensando antes, mas tenho abraçado a idéia – é ministrar as aulas que me forem indicadas e também falar de RPG para os meus possíveis novos alunos. Acredito que alguns se tornarão jogadores de RPG, e alguns desses quando se tornarem professores aplicarão com seus alunos, crianças e adolescentes, porque o curso é de formação de professores, ou seja, darei aula para futuros professores e professoras. Então dessa parte, acredito que seja uma parte pequena que vá gostar do RPG, quando eles tiverem os alunos deles, crianças e adolescentes, eles aplicarão a questão da narração interativa em sala de aula. Eles criarão uma geração de novos jogadores de RPG em Belém e em outras cidades do Pará e quem sabe em outros Estados.

Você chegou a fazer, ou está pensando em fazer, um teste com crianças?
Tem um projeto por sinal sobre isso, porém não posso falar muito, mas a previsão de até o fim de agosto ou começo de setembro eu possa dar mais informações, pois não é meu o projeto, mas podem vir coisas boas para os jovens no Estado do Pará e particularmente em Belém que não conhecem o RPG. Uma ação massiva de criar novos jogadores e ainda fazer inclusão social e atrelar à educação.

Você já foi procurado por alguma iniciativa privada de RPG interessada em publicar os seus trabalhos?
Não e não fui atrás, até porque não é um dos braços da vivência acadêmica. Não tem essa busca, mas eu posso falar como publicitário que está no mercado desde 1996, que apesar de ter desistido da profissão eu acharia muito difícil. Primeiro, a maioria não conhece o RPG e o investimento em um livro, que é para um nicho muito específico, eu até entendo os empresários, donos das editoras locais, de arriscar um investimento em algo que eles não conhecem, que eles provavelmente terão medo de arriscar e provavelmente não dará o retorno comercial esperado. É o que eu falo como publicitário, considerando minha vivência de atendimento e planejamento e conversando com outros publicitários e vários empresários.

Quanto a parcerias e orientações de pessoas que também estejam desejando desenvolver trabalhos com o mesmo foco. Seria possível?
Não. São coisas da vida acadêmica que eu tenho aprendido nesse último ano da minha vida. Você faz o projeto, tenta passar numa seleção para mestrado ou especialização e espera que o seu projeto seja aprovado. A parceria seria com seu projeto aprovado você realizar estudos com outra pessoa ou apresentar algo como “eu estou estudando isso”, “eu achei o texto tal”, “tem a bibliografia desses livros aqui desses outros textos”. Quando o trabalho estiver concluído, finalizado e entregue, ele vai ficar registrado fisicamente. Daí, outras pessoas que queiram pesquisar sobre RPG e educação, de preferência em outras abordagens, para não ficar uma coisa repetitiva, poderão pegar o meu material e fazer as suas próprias pesquisas. A partir dela, se quiser me procurar para alguma dúvida, a gente poderá tirá-la juntos.

Qual seria a forma de contato para trocar essas informações?
Olha, eu tenho postado no meu blog RPG Simples (http://www.rpgsimples.blogspot.com/) que está aqui na barra lateral do RPG Pará, onde tem o meu e-mail.

4 comentários:

John Bogéa disse...

Que bela entrevista. Gostei muito.

Gilson Rocha disse...

Grato! Há mais e mais novidades a caminho, de acontecimentos futuros e presentes.

Gilson

Neuromancer disse...

Iniciativa muito boa. (A foto também ficou legal)

Gilson Rocha disse...

Minha cara de tacho... Vida longa e próspera.

Gilson

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